Foi uma excitação. «Agora parti para uma etapa diferente», disse. Verdade seja que da anterior, até agora, pouco fica. Boas intenções, talvez. Propostas muitas, sem eco. Cantos de sereia, votados ao desprezo. Um fosso de distância que se adensa face ao partido do governo. A culpa é, então, de quem? De quem não ouviu, de…
Há quem refira a vocação mexicana do partido socialista, há quem se dê conta de como a política de nomeações e de preenchimento de lugares públicos sofre entorses e pretere quem não apoia o poder, há quem identifique pressões e campanhas de opinião, há quem tenha atenção aos arautos do poder.
Há algum tempo senti renascer a esperança. Tantas confusões ultrapassadas, tantos avanços e recuos vividos, parecia chegada a hora de se conseguir estabelecer um entendimento sobre o que fazer.
A ex-ministra constituiu-se e anunciou-se como merecedora de uma reparação. Quem está atento percebeu que alguma coisa viria a acontecer. Foi agora. Azar dos Távoras, mesmo em cima da contestação multiplicada ao marido ministro. Com a perceção generalizada de que, a breve prazo, lhe caberá, a ele, em sorte, a saída. Nasce a ideia de…
Mas, por outro lado, mesmo socialistas confessos e com provas políticas dadas são considerados espúrios.
Ora, a verdade é que não basta dizer que queremos receber todos. O Estado (e cada um de nós) tem de prestar atenção às condições em que os imigrantes vivem.
A busca da perfeição da lei certa exigida tem provocado danos profundos na confiança no sistema de justiça e no relacionamento dos políticos com a atividade económica. Sente-se que estamos no limite do tempo admissível para encontrar uma solução que preserve a verdade democrática. Não, não defendemos o exemplo da pobreza de Sócrates na Apologia…
E note-se como um tal cidadão se entende livre de suportar a crítica, incomodado com a investigação, queixoso por ser vítima de uma absurda perseguição, revoltado por lhe cortarem o futuro político. Chega a fazer da inconsciência naturalidade.
Adivinhava-se o que sucedeu. A pandemia tem trazido sacrifícios extraordinários, tem motivado a crise nas empresas e a perda de empregos ou de condições mínimas de vida.
Ora, no estado atual da arte, a vacina é a única defesa, o confinamento um paliativo. Portanto, enredamo-nos em exceções de exceções, adiamos o essencial, fazemos flexões ginásticas.
A opção definitiva pelo Montijo com a expectativa de tudo poder ser levado a efeito mais depressa e sem escolhos, ultrapassando as questões ambientais e colocando o ónus de não correr bem no domínio da responsabilidade dos outros, sempre me pareceu arriscada.
Seja como for, o nosso problema não é apenas (como se não fosse pouco) de resiliência, é de recuperação. Isto é, apanhados pela crise e por ela vergastados, lembramo-nos agora de como, mesmo antes dela, estávamos mal, como ficaríamos sempre decididamente para trás, como presos pelos sucessivos acordos orçamentais nos inibimos.
Dir-se-ia que seria bastante o governo ouvir e decidir. Claro, desde que ouvisse bem e decidisse melhor. Só que, manifestamente, não ouve ou desvaloriza e nega evidências.
Mas é, este debate, contemporâneo do caos nos hospitais, da exaustão dos profissionais de saúde, da angústia semeada. E assiste ao pronunciamento dos Sindicatos dos Professores que se juntam à Ordem dos Médicos na opção declarada pelo encerramento das escolas.
Como é que o Conselho Europeu organiza a escolha dos procuradores para o órgão competente? Remete-se a solicitar aos governos um representante do país ou socorre-se de um processo de avaliação que combina a indicação de nomes com a passagem por um crivo de apreciação de técnicos por ela escolhidos? Portanto, ou repousa na vontade…
O problema foi que, em determinado momento, o número de casos foi crescendo exponencialmente, as respostas dos sistemas de saúde entraram em dificuldade, os encerramentos e as medidas de contenção geraram um crescente mal estar e a vida do dia a dia de muitos cidadãos roçou o insuportável.
Manifestamente, na tortura ou na falência, os nossos fantasmas aterram no aeroporto com o trem de aterragem recolhido.
Houve, de facto, erro no planeamento e na previsão, ou deu-se de barato que os casos e as mortes iam aumentar de um modo exponencial e inelutável e eram um mal menor?