Há um culto aos gatos com uma tradição longuíssima e que remonta, pelo menos, ao Antigo Egipto. Na época moderna, já superada a tentação de remeter tudo para a adoração das divindades, não têm faltado na literatura exemplos de grandes escritores que tiveram com o gato as maiores atenções. Entre nós, Rui Caeiro (1943 -2019)…
Cabe à literatura puxar os assuntos que todos procuram evitar. E no romance A História de Roma, Bértholo concebeu uma cativante narrativa íntima que, a partir dos problemas que levanta a maternidade, nos faz enfrentar as questões mais duras que hoje se nos colocam.
Uma nova antologia, belíssimamente ilustrada, em jeito de homenagem, com pinturas e desenhos de Cruzeiro Seixas, oferece-nos uma panorâmica abrangente e talvez excessivamente inclusiva das representações do homoerotismo na poesia portuguesa desde os cancioneiros medievais galaico-portugueses até aos dias de hoje.
Cabe à literatura puxar os assuntos que todos procuram evitar. E no romance A História de Roma, Joana Bértholo concebeu uma cativante narrativa íntima que, a partir dos desafios que levanta a maternidade, nos confronta com as questões mais duras que hoje se colocam perante nós.
Adriano Moreira foi um exemplo de uma enorme paciência, e, com o inegável cunho dos seus méritos intelectuais, soube traçar uma improvável trajetória, para um homem nascido numa aldeia da província e que viria a chegar a Lisboa entre o contingente de «emigrantes que vinham do norte», colocando-se na esfera do poder.
“Acabar com Eddy Bellegueule” é um perturbador testemunho que explora o romance como arma de denúncia e recoloca a literatura no centro da intervenção social, expondo a forma como a violência modela uma cultura que serve de álibi às classes privilegiadas enquanto um ódio divisivo enfraquece o proletariado.
Morreu aos 100 anos uma figura que se viu sempre entre as mais singulares da vida política portuguesa, um homem que esteve preso com Mário Soares no Aljube, que viria a adaptar o luso-tropicalismo a ideologia oficiosa, ajudando a maquilhar o período final do colonialismo português enquanto ministro de Salazar. Gabava-se ainda de ter dado…
Morreu aos 100 anos uma figura que se viu sempre entre as mais singulares da vida política portuguesa, um homem que esteve preso com Soares no Aljube, que viria a adaptar o luso-tropicalismo a ideologia oficiosa, ajudando a maquilhar o período final do colonialismo português enquanto ministro de Salazar. Gabava-se de ter dado uma resposta torta…
No centenário da grande maestra das letras portuguesas o que não tem faltado são as mais solenes comemorações e os exaltantes epitáfios à desgarrada, mas o mais difícil continua por fazer, e isso obrigar-nos-ia a enfrentar a sua obra, não como um monumento glorioso, mas algo de mais útil e piedoso, uma consciência empenhada em…
Acaba de publicar-se entre nós um dos mais admiráveis testemunhos da resistência política no século XX, os Diários do Exílio que o poeta grego Yannis Ritsos escreveu a partir dos campos de concentração nas ilhas do mar Egeu.
Um iconoclasta no seio das ciências, que desafiou o valor transcendental dos seus factos, e que mais tarde se revelou um aliado decisivo frente aos ataques dos grupos de interesses que pretendem minar o consenso a respeito da crise climática, Latour morreu aos 75 anos, vítima de cancro do pâncreas.
Um iconoclasta no seio das ciências, que desafiou o valor transcendental dos seus factos, e que mais tarde se revelou um aliado decisivo frente aos ataques dos grupos de interesses que pretendem minar o consenso a respeito da crise climática, Latour morreu aos 75 anos, vítima de cancro do pâncreas.
Uma jornalista ergueu uma autêntica cruzada contra o plágio e não descansou até que um seu colega de profissão fosse suspenso das suas funções no jornal Público para gáudio das redes sociais. Nunca esteve em causa se houve ou não plágio, resta saber se este foi sempre visto como essa chaga que, ao ser exposta,…
Assinalando os 70 anos que o antigo editor da Assírio & Alvim teria feito no mês passado, um livro de homenagem monta um pequeno enredo de lembranças, vincando a paixão desmedida de alguém que negligenciou os seus próprios versos, preferindo ser esse condutor de orquestra deslumbrado pelo virtuosismo dos outros.
A escritora francesa de 82 anos, que se descreveu como ‘uma etnóloga de si mesma’, tornou-se na passada quinta-feira o primeiro autor cujo registo primordial é o das memórias a ganhar o prémio Nobel da Literatura, sinalizando a forma como este género, nas suas múltiplas derivações, se tem vindo a impor ao romance.
A escritora francesa que se descreveu como “uma etnóloga de si mesma” torna-se a 17ª mulher entre os 119 autores laureados com o Nobel da Literatura.
A reunião da obra poética de um dos maiores autores brasileiros, reeditada no final do ano passado pela Imprensa Nacional depois de há muito ter esgotado a das edições Quasi, não obteve qualquer eco entre nós, mas assume agora, no conturbado momento que se vive naquele país, uma actualidade radiante.
É um mal que todos identificamos, e do qual é cada vez mais difícil abstrairmo-nos. No mundo da competitividade e produtividade alucinada, proliferam os trabalhos de merda, esses em que são os trabalhadores os primeiros a indagarem-se por que raio ocupam horas dos seus dias em tarefas inúteis ou redundantes. Graeber demonstra que, afinal, mais…
Desde os tratados da Grécia clássica à Interpretação dos Sonhos de Freud, o homem tentou apreender a significação do seu estado diurno a partir dos sinais do estado nocturno.