Continuo a sorrir com naturalidade, a gostar de ver o brilho nos olhos dos outros e a vibrar com as vitórias, minhas e dos outros. Continuo a ter esperança, a acreditar no amor, a aceitar a mudança, a valorizar as pessoas, a perdoar, a desejar um abraço, a querer dar e a gostar de receber.…
Este maldito vírus trocou-nos as voltas. Desta vez improvisámos, adaptando-nos à situação única que estamos a viver. Fizemos um almoço especial em casa, o meu filho deu-me o seu presente no qual escreveu: «A minha mãe é muito corajosa» e vimos um filme em família. Afinal, o importante é estarmos juntos e de boa saúde.
Foi então que os meus cunhados começaram a falar um com o outro, cada um na sua língua e cada um sem saber a língua do outro. Ficámos a olhar para eles. O que iria sair dali?!!
A minha mãe explicava que estando nós agora todo o tempo em casa era normal que assim fosse. Também a vi fazer mais máquinas de roupa, mas era preciso ter cuidado com o vírus e lavar bem a roupa que o meu pai trazia do trabalho.
Passo muitas horas apenas com o meu filho e ele não se queixa nem pede para ir à rua e agora nem fala em tarefas escolares. Dá preferência em ajudar em casa e em resolver charadas como por exemplo as do SOL, que gostou tanto de fazer.
Assumimos as nossas responsabilidades. Ganhamos coragem para dizer adeus ao que não nos interessa. Damos as boas vindas a tudo o que desejamos sentir de verdade. Encorajamo-nos. Sabemos que estamos aqui uns para os outros a tempo inteiro agora. Semeamos com carinho, escutando a música que vem de dentro de cada um.