Sou, sobretudo desde os meus tempos de faculdade, um defensor do mundo plural, da quebra de fronteiras, da troca de experiências, vivências e conteúdos. Acho que isso nos torna, como diria Fernando Pessoa, “mais inteiros”.
A mudança de paradigma na sociedade portuguesa, com a crise em contraste com os faustosos fins dos anos 80/ princípios dos anos 90, foi responsável também ela pela regeneração conceptual da forma de estar da população em geral e sobretudo dos gostos e opções dos que apreciam a vida nocturna ou tão só de beber…
Sou do tempo em que passávamos a semana toda ansiosos para que chegasse o dia do Festival da Eurovisão. O tempo em que a Espanha nos dava sempre pontos e vice-versa, em que os países nórdicos se defendiam, em que ainda apareciam alguns cantores de qualidade e músicas de sucesso, já no fim da fase…
Lisboa é, hoje em dia, uma das capitais mais cosmopolitas da Europa e tem tendência a ocupar, cada vez mais, um lugar reservado nas escolhas dos que procuram diversão, entretenimento e vida nocturna.
A minha chegada ao Rio de Janeiro depois de um percurso relativamente intenso na noite portuguesa, deveu-se, como referi em crónicas anteriores, a um cansaço acumulado mas também à minha curiosidade e necessidade constante de conhecer novos mundos, experiências enriquecedoras, pessoas diferentes, momentos únicos.
Quando eu e um grupo de amigos surgimos como equipa de relações públicas e promoção na noite portuguesa, cedo demos nas vistas e não havia discoteca, bar, festa ou outro evento que não nos contactasse para tratarmos da divulgação e comunicação dos mesmos. Assinatura nossa era sucesso garantido.
Em Portugal temos esta mania estranha de achar que conquistámos tudo depois de fazermos uma ou duas coisitas bem feitas, encostamo-nos muitas vezes ao sucesso, passamos a querer mandar quando a nossa mais valia era fazer.
Começou em 2006 e rapidamente se tornou o grande espaço de entretenimento do Verão português, liderado por Helga Barroso e Luís Evaristo.
Foi há cerca de oito anos, pouco depois de começar o meu périplo pela noite portuguesa, que comecei em simultâneo a dar os primeiros passos no domínio dos pratos.
O concurso ganho no grupo K há nove anos abriu-me nessa altura algumas oportunidades e uma vez que a Kapital (discoteca em que sempre sonhei trabalhar) apenas me ‘ofereceu’ uma noite por mês para desenvolver o meu projecto, decidi com muita dificuldade rejeitar essa proposta.
É fundamental, quando tentamos concretizar algum objectivo ou chegar a alguma posição, não atropelarmos ninguém, mas também não termos medo de sermos postos à prova.
A minha primeira festa foi um fracasso total em termos financeiros mas um grande sucesso como activação de uma marca que viria a usar variadíssimas vezes nos anos seguintes. ‘Meet my Friends’, mais do que uma noite para beber uns copos, era um encontro entre pessoas interessantes, giras e que gostavam de socializar em espaços…
O destino era o Rio de Janeiro, aquela cidade maravilhosa de quem todos falam. Por isso, quando entrei no avião ia imbuído de todos os sentimentos que identificamos quando é de uma criança o retrato que queremos fazer.
Recordo-me, tinha eu 19 anos acabados de fazer, de ser ‘empurrado’ pelos meus amigos, para cima de uma rapariga filha de um dos mais abastados empresários do país.
Começa tudo de novo, qual laivo de esperança, para alimentar os nossos sonhos, as pretensões mais pessoais, os projectos que ficaram por fazer e as virtudes que acabaram por nunca vir ao de cima.
As diversas experiências que guardamos da vida nocturna, sejam elas em trabalho ou puro lazer, são uma das razões principais para recordações eternas, histórias que criam laços entre pessoas, momentos que jamais se perdem.
Não é nenhum novo partido… Existe e sempre existiu a tendência arrogante das gerações passadas catalogarem as seguintes de fúteis e superficiais. Vem sempre à baila uma suposta crise de valores por não perceberem a constante mutação natural da mente humana, a alteração dos pressupostos e as novas descobertas que a vida nos reserva.
O crescente desenvolvimento do continente africano, sobretudo dos países lusófonos nos últimos anos, tem catapultado também outras áreas, que não a puramente financeira, para patamares muito interessantes, mostrando que o valor estava há muito por lá, apenas era preciso limá-lo e dar-lhe condições para crescer.