Ter um carro eléctrico é, ainda, um martírio em Portugal. Não interessa que seja o futuro. A MobiE, entidade responsável pelos postos de abastecimento, parece habitar uma dimensão paralela, ou pelo menos outro fuso horário.
O desejo de reconquistar a filha e o neto são as lufadas de oxigénio necessárias para querer continuar a ver o sol. ‘Sei que que vim a este mundo só para te ter. Perdoa-me. O teu pai’
Um leitor sensibilizou-me ao pedir, repetidamente, que usasse esta página – o mais possível – para inspirar. Uma pausa na recessão, espécie de intervalo publicitário para anúncios pagos pela esperança. Esta talvez não seja a melhor imagem, mas a biografia resumida que vou contar é-o seguramente.
Infelizmente estava fora da capital no dia das manifestações dos ‘indignados’. Gostaria muito de ter estado entre os alegados 100 mil que, em Lisboa, num momento decerto emocionante, galgaram as escadarias do Parlamento.
O país tem estado em choque. Quem poderia imaginar que Alberto João Jardim aldrabava as contas? Daqui a nada está aí Dezembro e temo a enésima conferência de imprensa do Ministro das Finanças, desta vez para nos atordoar a todos com a revelação de que o Pai Natal não existe.
Gisele Bundchen, a modelo mais bem paga do mundo, protagoniza um anúncio onde dá más notícias ao marido. Di-las de duas formas, com o mesmo conteúdo: rigorosamente as mesmas palavras, carro partido, crédito esgotado, etc., mas na segunda versão está em lingerie.
Se este escriba trabalhasse numa revista do social, vulgo fofoca, destacaria alguém de imediato para pura e simplesmente acompanhar os famosos nas redes sociais.
A minha fé vacila regularmente. Para ser mais preciso, vacila todos os dias, durante uma – desejável – média de oito horas. E nem me dou conta dessa dúvida. Estou a dormir.
Como é que o jornalista escreve sobre o berbicacho que descobriu na empresa X, envolvendo o políticoY, se essa empresa pertence ao mesmo grupo que o seu jornal?
Gosto de vozes contra a corrente, gente cujos pensamentos e opiniões não vão com a carneirada. E é uma moda com décadas bater nas telenovelas. Pois este escriba não. Amo-as, sobretudo porque não as vejo.
Não sou festivaleiro, muito menos folião e, apesar de noctívago, julgo nunca ter sido boémio.
Fim de dia numa esplanada a meio gás em Alcântara. Ainda há um sol arrogante a resistir e, subsequentemente, Lisboa apresenta-se com aquela luz que – se possível fosse engarrafá-la – nos tiraria da recessão.
Sinto-me estranho sempre que me dão os parabéns: não sou minimamente responsável pelo facto, o mérito é da minha mãe e eu nem sequer me lembro do evento.
O político não deseja, está disponível. Não assume responsabilidades, delega-as. Nunca menciona dívidas, refere desvios. Não mente, cai inadvertidamente numa inverdade. Não conclui, abre inquéritos. Não é, ‘está na condição de’. Não falta, protela. Não se choca, indigna-se. O político não falha, revê. Não vira a casaca, apenas exerce o direito a mudar de opinião.…
Quem não for cusco que atire a primeira pedra. Tenho uma brincadeira recorrente cada vez que regresso à casa materna: dizer, precisamente, à minha mãe quem é gay. Explicando melhor, a progenitora vai desfiando nomes de figuras públicas sobre as quais tem curiosidade ou admiração e o escriba primogénito, qual sirene, vai assinalando quem é…
Só há uma coisa pior do que gente que fica vedeta depois da fama: gente que fica antes.
Na comédia há uma velha máxima: os músicos ficam com as miúdas e os humoristas com os bêbados.
Se querem distinguir humor de puro e simples nojo tentem seguir este critério: brincar com os vivos. Porquê? Porque podem responder. É bem menos gratuito e cobarde.
Afinal, o desporto rei em Portugal não é o futebol, mas bater no ceguinho – e quanto mais pequenino, melhor.