Sem respostas claras a estas questões, os eleitores correm o risco de voltar a ser enganados, como já o foram em 2015.
No meio de tudo isto passou despercebida, a aprovação do Orçamento da UE para 2022 (quase 170 milhões de euros em compromissos) o que permitirá a Portugal , com o PRR, dispor de cerca de 22 milhões de euros diários durante o ano.
Em democracia a palavra essencial é dos eleitores, pelo que será no voto dos cidadãos que tem de assentar a esperança para uma sociedade melhor.
A ‘geringonça’ apesar de ter durado 2178 dias (desde 10 de novembro de 2015 até 27 de outubro de 2021) foi sempre um acordo de egoísmos e agendas próprias e, infelizmente, em nada contribuiu para a transformação estrutural de que o país precisava
Neste momento a maioria das membros da UE não tem os seus orçamentos fechados, nalguns casos estão a formar ou a remodelar os seus governos e, pior que isso, ainda não possuem, sequer, Planos de Recuperação e Resiliência aprovados por Bruxelas.
Costa é o chefe do governo, lidera um partido que acaba de ter uma “vitoria poucochinho” nas eleições locais e pode aspirar a ganhar as próximas legislativas com um resultado a rondar os 40%, o que torna quase legítimo o excessivo interesse da comunicação social e ‘justifica’ a gestão que o próprio faz da sua…
O país atravessa uma grave crise moral, que só será vencida quando a maioria dos cidadãos tiver dela consciência e for capaz de se mobilizar para a derrotar.
É preciso que se saiba que as verbas que a União Europeia disponibiliza a Portugal, e que no caso do PRR tem de ser aplicadas até 2026, não são do governo de turno ou dos partidos que o suportam.
Porque não aproveitou o PM a entrevista para fazer uma crítica impiedosa aos ‘terroristas’ que tentaram boicotar o processo de vacinação e porque continua a ignorar o gestão competente do vice-almirante Gouveia e Melo, numa altura em que se verifica um enorme e favorável consenso acerca da sua capacidade e competência?
O nosso país recebeu, nos últimos 35 anos, mais de 150 mil milhões de euros, divididos por diversas ‘últimas oportunidades’
Quando em 2015, contra todas as expectativas e num clima político de reconhecida facilidade, o PS de António Costa perdeu (insista-se perdeu) as eleições contra a PAF de Passos Coelho, poucos terão sido os que pensaram que a sequência lógica desse desastrado resultado, não fosse a abdicação do líder do PS. Este raciocínio era racional…
Assim o que podia ter corrido bem, correu muito mal e o decurso da presidência portuguesa, até pela ocorrência de diversos factos negativos, que embora de origem doméstica tiveram repercussão internacional, tornou este semestre europeu num período de acentuada irrelevância.
Por muito que isso custe aos habituais propagandistas do sistema, a Presidência Europeia de Portugal, foi, do ponto de vista político, um acontecimento quase irrelevante.
A acumulação de casos nos últimos dias e a circunstância de a maioria desses casos ser, de uma maneira geral perfeitamente previsível (nalguns casos conhecidos há meses) demonstra que de uma maneira geral, as tais lições para o futuro de pouco servem e, sobretudo, nada corrigem.
Ora este vírus, instalado no regime político português desde 2015, tem vindo a acentuar-se progressivamente.
Só os ‘otimistas irritantes’, categoria psicossocial que os políticos portugueses criam com alguma facilidade, podem continuar a assobiar para o lado, sem aceitarem que a construção europeia está numa encruzilhada, onde os fatores de elevado risco começam a não ser desprezíveis.
Em que outro país da União Europeia era possível assistir, em plena pandemia, a uma troca de opiniões tão ‘civilizada’ como a que se verificou, entre o chefe do Governo e o líder do principal partido da oposição? Obviamente, só em Portugal, onde, como sabemos e acabámos de reconhecer embora contrariados, se vive no melhor…
Surpreendentemente, a estratégia de combate à corrupção que o Governo recentemente apresentou, apesar de conter normas interessantes que constituem pequenos passos positivos, dedica um ensurdecedor silêncio à problemática do enriquecimento indevido.
É necessário um forte sobressalto cívico e o Presidente parece estar disponível, para em nome de todos, o protagonizar.