Foram as acusações de racismo feitas pelo Ministério Público a 18 agentes da PSP de Alfragide; foram as declarações de Gentil Martins considerando a homossexualidade «uma anomalia» e condenando Ronaldo por ter recorrido a uma barriga de aluguer; foram as declarações do candidato do PSD/CDS a Loures, André Ventura, de crítica a supostos comportamentos da etnia cigana.
Independentemente da opinião que cada um de nós possa ter a respeito destes casos, uma coisa é certa: hoje pode chamar-se tudo a toda a gente, inclusivamente chamar «palhaço» ao Presidente da República.
Mas ai de quem diga alguma coisa que cheire a preconceito racial ou de crítica à comunidade gay. São temas tabu.
Que mostram que a liberdade de opinião tem zonas proibidas.
Há uma coisa que muita gente não percebe: o facto de alguém ter opiniões diferentes das nossas, e que nos merecem repúdio, não significa que não tenha direito a exprimi-las.
Este é o primeiro ponto. Gentil Martins e André Ventura têm todo o direito a exprimir a sua opinião, independentemente, de se estar ou não de acordo com eles.
O segundo ponto tem a ver com o cinismo das pessoas. Confesso que ouço muita gente dizer coisas parecidas com o que o Gentil Martins disse sobre os gays e Ronaldo, ou com o que André Ventura disse sobre o comportamento da etnia cigana.
Todos já ouvimos opiniões semelhantes.
Mas se alguém diz alto aquilo que muitos dizem baixo, aqui d’el Rei! É homofóbico, é xenófobo, é racista, etc.
Em terceiro lugar – e no que respeita a André Ventura –, ele disse coisas objetivas: que muitos ciganos em Loures não pagam os transportes públicos, que não trabalham e vivem do rendimento mínimo, que querem viver acima da lei.
Ora, em vez de discutirmos ideologia, por que não vamos ver se as afirmações são certas ou erradas? Se diz a verdade ou não?
Se diz a verdade, há que fazer um trabalho junto da comunidade cigana para que se integre melhor e passe a cumprir a lei. Se não diz a verdade, deve ser desmascarado. Mas com factos – e não com palavras ou insultos.
Numa democracia, as coisas passam-se assim.
O ‘politicamente correto’ é o index de uma nova Inquisição.