Albuquerque avança mesmo contra Jardim

Ainda que Alberto João Jardim decida avançar, de novo, para a liderança do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque mantém a sua candidatura. “É irreversível em qualquer cenário. Olhar para trás nem para tomar balanço”, diz.

Em declarações ao SOL, Miguel Albuquerque nega ainda que haja qualquer acordo pré-eleitoral com João Cunha e Silva para que este não avance para a liderança do PSD-M em troca de uma futura presidência da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM). “São especulações”, refere.

Jardim, na qualidade de presidente do PSD-M, interpôs no Conselho de Jurisdição do partido duas queixas contra Miguel Albuquerque visando a sua expulsão de militante. Uma no início do ano por causa de um artigo de opinião publicado por Albuquerque no DN-Madeira em que falava de “caça às bruxas” dentro do PSD-M.

Outra mais recentemente, tendo por fundamento as declarações de Miguel Albuquerque ao semanário SOL, a 7 de Março, na qual afirmava: “Jardim tem medo de mim”.

O conselho de jurisdição apreciou os fundamentos das queixas e concluiu que os dois textos não justificam uma ordem de expulsão. “Nunca fiquei a tremer com qualquer processo. Os processos foram bem arquivados”, afirma.

A 22 de Março, o presidente do PSD-M conseguiu no Conselho Regional – órgão onde o método de Hondt não existe -impedir a antecipação do congresso regional do partido para Junho proposto por Albuquerque. Este apresentou um requerimento com mais de 600 assinaturas mas só quatro dos mais de 150 conselheiros votaram a favor da antecipação do congresso.

O Conselho Regional manteve as datas propostas por Jardim: Eleições directas internas a 19 de Dezembro de 2014 e congresso a 10 de Janeiro de 2015. Em Outubro de 2015 há eleições regionais.

Miguel Albuquerque considera este calendário “absurdo” e, se ganhar as eleições, vai propor a Cavaco Silva a dissolução da ALM em Janeiro de 2015. “Não faz sentido manter um novo líder eleito sem ter qualquer base popular”, justifica. “Veja o que aconteceu com o governo do Dr. Santana Lopes”, ilustra.

Até ao momento estão assumidas quatro candidaturas à sucessão de Jardim: a de Miguel Albuquerque, a do ex-eurodeputado Sérgio Marques, a do deputado e vice-presidente do parlamento regional Miguel de Sousa e a do secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, Manuel António Correia. O actual vice-presidente do Governo Regional, João Cunha e Silva, ainda não decidiu se avança.

Partido dividido

O PSD-M está dividido. Há processos de expulsão em curso o que Albuquerque considera “lamentável”. A comissão política do partido não deixa que os candidatos à liderança usem as 54 sedes do PSD – uma por cada freguesia – para promover reuniões. Albuquerque classifica tal atitude como “uma estupidez” e tem andado por toda a ilha em reuniões de pré-campanha eleitoral interna. Reúne os apoiantes em restaurantes.

Rosto da mudança interna no PSD-M, Albuquerque, de 48 anos, advogado, defende que só ele está em condições de ganhar o partido e a Madeira. Jardim não é ainda carta fora do baralho. O presidente da Assembleia, Miguel Mendonça assumiu recentemente que Jardim ainda tem forças para novo mandato. No último Conselho Regional Jardim ainda chegou a ameaçar que se candidataria, de novo, à liderança do partido. À saída da reunião disse que foi apenas “uma brincadeira”.

emanuel.silva@sol.pt