Arroz carolino

O gourmet Fernando Melo, na sua crónica do DN de domingo passado, enaltece o arroz carolino – cada vez mais desprezado, em detrimento de arrozes agulhas, basmatis ou grãos de risotto.

acentua fernando melo, cheio de razão, que o núcleo carnudo do arroz carolino absorve muito melhor o sabor dos caldos em que é feito, mantendo a sua estrutura intacta. quando se diz ser um arroz empapado, ou que fica em argamassa, significa simplesmente que está mal feito. também as batatas cozidas de mais ficam empapadas.

um bom arroz de pato, ou de peixe, ou de tomate, ou apenas de estrugido, de manteiga, ou de azeite, fica muito melhor se for de carolino – no caso, evidentemente, de ser bem feito.

o problema é não haver muita gente, mesmo entre os profissionais, que saibam fazer um bom arroz carolino. daí a abundância da malandragem dos malandrinhos, dos basmatis (cuja forte fragrância o aconselha mais para acompanhar as intensas especiarias indianas), dos risottos e dos arrozes agulha. o carolino é o must dos arrozes (e, ainda por cima, barato) – mas só para quem tem unhas para ele (como aquela gente do norte, tão desenvolta no soberbo arroz de forno como num de estrugido).

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