Aviação atrai novos investimentos em todas as frentes

Portugal tem conseguido atrair novas apostas no setor da aviação. Só em Grândola vão ser investidos mais 20 milhões de euros e serão criados mais 100 postos de trabalho.

Aviação atrai novos investimentos em todas as frentes

O setor da aviação continua a dar cartas um pouco por todo o mundo. Em Portugal, por exemplo, já foi anunciado um novo investimento nesta área, com uma empresa francesa a revelar a intenção de apostar 20 milhões de euros em Grândola.

Com a construção de uma nova fábrica, que vai servir para o fabrico de componentes de aviões, prevê-se a criação de mais 100 postos de trabalho. Mas o investimento em Portugal está longe de ser uma novidade. Os franceses da Lauak já tinham reforçado a competitividade no parque empresarial de Setúbal em 2016. Aliás, a empresa, que viu o volume de negócios crescer 32,66%, acabou 2016 com mais 115 trabalhadores do que em 2015.

Também a Embraer, por exemplo, anunciou no ano passado que ia cortar nos custos, mas não em Portugal. Apesar do corte em sucursais um pouco por todo o mundo, o investimento em território nacional foi dado como assegurado. Recorde-se que a empresa tem dois projetos em território nacional, nas fábricas que tem em Évora, com um investimento que supera os 93 milhões de euros.

“O futuro da empresa depende dos investimentos que faz”, garantiu, na altura, fonte ligada à Embraer, explicando que era exatamente por isso que o investimento em Portugal se mantinha.

 

Um mundo em mudança

O mundo da aviação tem vindo a sofrer mudanças em todas as frentes. Não é apenas pelo volume de negócios e investimentos que são visíveis as alterações que estão a acontecer neste setor. Também as apostas operacionais permitem perceber a evolução na aviação. As listas com voos diretos mais longos do mundo, por exemplo, são atualizadas com cada vez mais frequência. Depois de, no início de 2016, a ligação entre a Nova Zelândia e o Dubai ter sido anunciada como a rota mais longa do mundo, surgiu uma outra novidade: em 2018 vai ser possível fazer voos diretos entre a Europa e a Austrália.

O anúncio foi feito pela companhia aérea australiana Qantas em dezembro e promete mudar a vida de quem quiser viajar entre Perth, na costa oeste da Austrália, e Londres, no Reino Unido. Aquela que será uma viagem de cerca de 17 horas vai cruzar os céus de três continentes, numa ligação que se traduz em 14 498 quilómetros. O voo vai ser operado por um Boeing 787-9 e é a primeira ligação sem escalas feita por um avião comercial, que neste caso vai ter capacidade para 236 passageiros.

Para enfatizar a importância da criação desta nova rota, que será inaugurada em março de 2018, o diretor executivo da empresa, Alan Joyce, recorda o que já foi o passado da aviação. “Quando a Qantas criou a rota canguru para Londres, em 1947, eram precisos quatro dias e nove escalas [para chegar a Londres a partir da Austrália]. Agora bastarão 17 horas.” E a transportadora aérea não pensa ficar por aqui.

De acordo com a empresa, o objetivo é que, no futuro, existam mais voos diretos para outras cidades do Velho Continente, nomeadamente Frankfurt, na Alemanha, ou Paris, França.

 

Novidades em Portugal

Também em Portugal as alterações que têm vindo a ser feitas, nos últimos anos, neste setor estão à vista de todos. Uma das últimas novidades foi o anúncio de um voo direto para a China. No fundo, falamos de uma promessa com quase duas décadas.
A rota entre Hangzhou e Lisboa só voltou a ser tema depois de superados, pela via diplomática, todos os bloqueios à entrada da Capital Airlines. O problema que se colocava era que, em 1999, foi feito um acordo que dava à Air China o exclusivo nos voos diretos para Portugal, ainda que a intenção de criar ligações diretas entre os dois países nunca tenha saído do papel. Até agora.

Mas nem só de novas rotas sem escalas se faz a evolução. Também em matéria de aviões, as novidades são muitas. Uma delas é o facto de haver uma equipa de investigadores dedicada a criar aviões “transparentes”, que permitam ver tudo o que se passa nos céus. O avião não será verdadeiramente transparente, mas essa será a sensação passada por todos os ecrãs de alta definição que passarão em direto tudo o que as câmaras colocadas fora do avião captarem. E se pensa que para chegar aqui faltam vários anos, desengane-se. De acordo com Tom Taylor, da equipa de gestão da CPI, “poderemos ver os primeiros aviões destes no mercado dentro de três anos”.

Também a possibilidade de haver aviões sem piloto tem estado a ser discutida. De acordo com o banco suíço UBS, as companhias com aviões autopilotados podem chegar a poupanças de 29 mil milhões de euros.