Calor

Com a instabilidade do tempo, torna-se difícil prever como serão as noites de Verão. Mas certo é que nas últimas duas semanas viveram-se noites como há muito tempo não se viviam.

falo, claro, da temperatura climática. com os termómetros a rondarem os 30º torna-se difícil ficar em casa quando amigos nos ligam de uma esplanada a dissertarem sobre os prazeres de uma bebida numa noite tórrida. para quem quer a todo o custo deitar-se cedo, torna-se um pequeno pesadelo chegar à varanda e levar com a aragem quente, sabendo que na rua ninguém tem sono.

percebe-se facilmente nessas noites por que temos muito mais a ver com povos tropicais do que com os nórdicos. o calor traz para cima o nosso lado mais sociável e as ruas enchem-se de gente até à uma da manhã. mesmo com crise, nota-se que as pessoas ficam bem dispostas e nem têm tempo para tantas conversas desagradáveis.

por outro lado, quem tem negócios à noite, em locais fechados, deve dizer mal da vida, já que são poucos os que querem ir para um lugar fechado e com temperaturas a rondarem os 40 graus. há dias passei pela zona de santos e vi que havia centenas de pessoas nas ruas, depois de se servirem nos bares que oferecem duas bebidas a quem pagar uma, enquanto nos bares fechados não estava ninguém. é impressionante como o preço das bebidas baixou tanto nalguns locais – tenho dificuldade em acreditar que possam ser bebidas iguais às que compro nos supermercados! quando vejo venderem três vodkas por cinco euros pergunto como isso é possível…

mas voltando aos bares fechados, numa dessas noites infernais, divertimo-nos à séria numa espaço praticamente vazio. djmj marcava o ritmo na cabina com um house escaldante, enquanto nós dançávamos como se estivéssemos no casamento da melhor amiga. quando saímos do espaço, deparámo-nos com uma espécie de arraial em santos, em que as músicas de bailarico eram substituídas por ’malhas’ de carrossel. o espaço estava a abarrotar. quantidade nunca foi sinónimo de qualidade, passe a presunção.

p. s. – morreu um dj por quem tinha algum carinho, já que me recordava os tempos de adolescente em que frequentava o browns, por trás da av. de roma. era um roqueiro à antiga, conhecido como tó cabeças. paz à sua alma.

vitor.rainho@sol.pt