DAESH – a sigla original banida pela liderança do EI

Desde que, em 2014, apareceu a proclamar o estabelecimento de um califado em território do Iraque e da Síria, o grupo liderado por Abu Bakr al-Baghdadi viu o seu nome traduzido de várias formas pelos meios de comunicação ocidentais.

A tradução literal, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL na sigla inglesa) foi rapidamente trocada por um nome semelhante mas geograficamente simplificado: o Levante – nome dado à região que cobre territórios do Chipre à Jordânia, passando por Israel ou Líbano, por exemplo – foi substituído pelo nome do país que o grupo realmente ocupava – a Síria. Assim, ISIS ou apenas EI (de Estado Islâmico) passaram a ser as fórmulas mais repetidas no Ocidente.

Uma ideia que agradava aos líderes da organização, que na sua língua adoptaram a sigla do nome original: al-Dawla al-Islamiya fi al-Iraq wa al-Sham, ou seja DAESH. Ainda em 2014, era assim que o grupo se identificava, até que Abu Bakr al-Baghdadi mudou as regras.

Segundo o Boston Globe, DAESH é palavra proibida no território controlado por este grupo terrorista. A blasfémia é mesmo razão para se ter a língua cortada, garante o diário norte-americano. A explicação estará num problema fonético: em árabe, DAESH pode ser confundido com um jogo de palavras que pode significar um “preconceituoso” ou alguém que “pisa e esmaga” os próximos.

Alguns meios recordam agora esta ironia para sublinhar a coincidência de o termo ter começado a ser usado por dirigentes ocidentais a partir do momento em foi proibido dentro do próprio grupo. François Hollande prometeu que a França “será implacável com os bárbaros do Daesh”.

“É um termo pejorativo, que as pessoas não devem usar mesmo quando se desgosta do grupo”, disse à NBC News o analista de segurança nacional da Flashpoint, Evan Kohlmann, que compara o uso do termo DAESH a “referir alemães como hunos”.

nuno.e.lima@sol.pt