Diplomatas abandonam regime sírio enquanto violência esmaga Aleppo

Depois de estoirar o ‘vulcão de Damasco’, o caos expande-se por toda a Síria. As atenções viram-se agora para Aleppo, palco de uma autêntica batalha entre as forças do regime e da oposição pelo controlo da maior cidade do país. Aumenta a violência e aumenta também o número de diplomatas que deixa o regime para…

o embaixador sírio no iraque, nawaf fares, deu o pontapé de saída nas deserções de topo e a ele seguiram-se outros. ontem, quarta-feira, foram confirmadas mais duas ‘desistências’: abdel latif dabbagh, embaixador nos emirados árabes unidos e a sua mulher lamia al-hariri, responsável do regime de bashar al-assad pelas relações com o chipre.

muitas têm sido as desvinculações ao regime de assad ao longo dos últimos 16 meses de revolta, mas as deserções por parte de diplomatas com altos cargos estão agora a ser vistas como um sinal bastante mais claro de que «os dias de assad estão contados». quem o diz é o porta-voz da casa branca à cadeia televisiva al-jazeera, que acrescenta que as fugas se devem sobretudo «às acções abomináveis que o presidente leva a cabo contra o seu próprio povo».

cerco a aleppo

alepo foi tomada pelos rebeldes do exército livre no início da semana e, desde então, o cerco das forças de segurança do governo tem-se apertado. ao sexto dia de luta pela cidade, os activistas falam em bombardeamentos aleatórios, que já se estendem a bairros densamente populados no centro da cidade.

segundo a al-jazeera, na manhã desta quinta-feira surgiram relatos de que o regime estava a mover um «enorme número» de tropas e tanques das província noroeste de idlib e de hama para aleppo, por forma a intensificar o cerco e eliminar a resistência. ao mesmo tempo, relatos mostram que damasco, homs e também idlib continuam sem descanso.

mas não são só as tropas do governo que apertam o cerco. a bbc avança que os rebeldes que tomaram a cidade nas mãos estão a organizar os seus snipers em torno de locais estratégicos, bem como a preparar mantimentos e munições com vista à eclosão de uma batalha de maior escala.

o certo é que aleppo é a capital comercial do país e a maior cidade em termos de área. uma vitória dos rebeldes representaria uma vitória sobre toda a região norte do país e um passo em frente para o fim de assad.

ontem morreram 26 pessoas só nesta cidade, sendo que muitas delas eram crianças, avança o observatório sírio para os direitos humanos.

na semana passada o centro das atenções era damasco. com o objectivo de reprimir um ataque prévio dos rebeldes à capital, as forças do governo concentraram esforços em bombardeamentos aéreos aleatórios e em militares armados que disparavam contra qualquer alvo no terreno. a oposição foi forçada a retirar-se.

o mesmo esquema parece estar agora a ser usado na cidade de aleppo e o mais certo é que estejamos perante um desfecho idêntico.

rita.dinis@sol.pt