Eleanor Friedberger reencontra-se hoje com o público lisboeta

A ambição de um artista quando faz um trabalho novo é sempre grande. Além de querer ver a obra acarinhada pelo público, também deseja ser reconhecido pela sua originalidade e complexidade artística.

eleanor friedberger, cara metade dos fiery furnaces, usou outra premissa para compor o seu disco de estreia a solo, last summer, editado em portugal este mês. ela quis ser o mais «emocionalmente directa e simples» possível. atitude estranha para quem se quer emancipar do irmão, matthew friedberger, a mente criativa dos fiery furnaces… mas eleanor esclarece: «quis fazer uma coisa pequena, discreta, que fizesse sentido como um todo, sem que houvesse um tema que se destacasse mais do que o outro. é muito difícil contermo-nos, mas depois o resultado é bastante agradável».

nesse sentido, last summer nasceu lentamente, com eleanor a fazer demos caseiras de todos as canções que compunha, testando as suas próprias capacidades musicais, mas também de moderação. «este disco não é a minha grande declaração artística», assegura, explicando que depois de 10 anos a trabalhar no mesmo projecto, quis apenas provocar uma mudança. «fazer o disco foi um teste para mim e demorei muito tempo até mostrar as canções a alguém. não queria que outra pessoa me viesse dizer que tinha chumbado», diz ao sol.

apesar dessa reserva, os temas são belíssimas janelas escancaradas para a vida da cantora em nova iorque. «o primeiro disco dos fiery furnaces teve muito a ver com o período que passei em londres. desta vez quis dar atenção ao local onde vivo há 11 anos», afirma, explicando que last summer é «100% autobiográfico» porque essa é a única forma que se vê a compor. «escrever canções é como partilhar cartas de amor com amigos». e em palco – como acontece hoje à noite, na casa do alentejo, às 21h45 – essa partilha é igualmente intensa com os fiéis admiradores dos manos friedberger.

alexandra.ho@sol.pt