Exportação de antidepressivos dispara vendas

A venda de antidepressivos em Portugal disparou este ano. Até Novembro saíram dos armazenistas mais meio milhão de embalagens do que no mesmo período do ano passado. Um aumento que só pode ser explicado com o crescimento das exportações paralelas destes remédios para mercados europeus, alertam fontes do sector.

os dados da consultora ims health demonstram que nos primeiros onze meses do ano saíram dos armazenistas para o mercado 6,9 milhões de embalagens de antidepressivos e estabilizadores de humor.

vários psiquiatras ouvidos pelo sol – entre eles o secretário-geral da sociedade portuguesa de psiquiatria, pedro varandas – olham com «surpresa» para estes números. mesmo reconhecendo que a crise possa estar a aumentar os casos de ansiedade e a potenciar a depressão, e até que haja doentes ‘mal medicados’ com antidepressivos, consideram que este crescimento no consumo é demasiado elevado.

no sector farmacêutico fontes contactadas pelo sol não têm dúvidas: este aumento deve-se à exportação paralela para os mercados do norte da europa, como a holanda, dinamarca, suécia ou reino unido, onde alguns destes medicamentos podem ser vendidos pelos armazenistas pelo triplo ou o quadruplo do preço.

infarmed diz não haver falhas no abastecimento

«os remédios são vendidos a farmácias, clínicas privadas ou unidades de saúde no norte da europa», revela fonte do sector, explicando que apenas se «mudam os rótulos e as bulas».

um farmacêutico ligado à distribuição, reconhece também que a exportação paralela tem sido uma forma de os armazenistas contornarem a quebra nas margens das vendas em portugal. assim se explica que haja substâncias com aumentos de vendas mensais de 40%, 60% ou 75% em relação ao ano anterior.

a exportação paralela pelos distribuidores e farmácias é legal, se não puser em causa o abastecimento do mercado nacional. o infarmed garante não ter conhecimento de que o abastecimento às farmácias com antidepressivos esteja a ser afectado. mas algumas fontes dizem existir falhas pontuais nos stocks das farmácias.

joana.f.costa@sol.pt