os dados da consultora ims health demonstram que nos primeiros onze meses do ano saíram dos armazenistas para o mercado 6,9 milhões de embalagens de antidepressivos e estabilizadores de humor.
vários psiquiatras ouvidos pelo sol – entre eles o secretário-geral da sociedade portuguesa de psiquiatria, pedro varandas – olham com «surpresa» para estes números. mesmo reconhecendo que a crise possa estar a aumentar os casos de ansiedade e a potenciar a depressão, e até que haja doentes ‘mal medicados’ com antidepressivos, consideram que este crescimento no consumo é demasiado elevado.
no sector farmacêutico fontes contactadas pelo sol não têm dúvidas: este aumento deve-se à exportação paralela para os mercados do norte da europa, como a holanda, dinamarca, suécia ou reino unido, onde alguns destes medicamentos podem ser vendidos pelos armazenistas pelo triplo ou o quadruplo do preço.
infarmed diz não haver falhas no abastecimento
«os remédios são vendidos a farmácias, clínicas privadas ou unidades de saúde no norte da europa», revela fonte do sector, explicando que apenas se «mudam os rótulos e as bulas».
um farmacêutico ligado à distribuição, reconhece também que a exportação paralela tem sido uma forma de os armazenistas contornarem a quebra nas margens das vendas em portugal. assim se explica que haja substâncias com aumentos de vendas mensais de 40%, 60% ou 75% em relação ao ano anterior.
a exportação paralela pelos distribuidores e farmácias é legal, se não puser em causa o abastecimento do mercado nacional. o infarmed garante não ter conhecimento de que o abastecimento às farmácias com antidepressivos esteja a ser afectado. mas algumas fontes dizem existir falhas pontuais nos stocks das farmácias.