Fadiga por excesso de trabalho obriga Horta-Osório a parar

Fadiga por excesso de trabalho é a causa apontada hoje pela imprensa britânica para a suspensão de funções temporária de António Horta-Osório hoje confirmada pelo banco britânico Lloyds, onde o português é presidente-executivo desde Março.

«A administração do Grupo Bancário Lloyds anuncia que, seguindo conselho médico, António Horta-Osório vai tirar uma licença temporária de trabalho como presidente executivo do banco por doença», anunciou hoje em comunicado.

Sem adiantar pormenores sobre os problemas de saúde, uma porta voz disse à agência Lusa que se prevê um regresso «antes do fim de 2011».

O Daily Telegraph cita, na sua página electrónica, «fontes bem colocadas» que dizem que Horta-Osório sofre de «extrema fadiga devido a excesso de trabalho».

Em Julho, o jornal publicou uma reportagem com o antigo presidente do Santander no Reino Unido, onde referia que o português trabalhava até aos fins-de-semana e que admitia que a família se queixava por vê-lo pouco.

O Financial Times, que avançou hoje a notícia, referia «stress» como causa do anúncio inesperado, enquanto «fadiga» é a palavra comum nas notícias do The Guardian e The Times.

«Os médicos de António Horta-Osório disseram-lhe que ele está exausto fisicamente e mentalmente como resultado da forma como ele mergulhou na condução do Grupo Bancário Lloyds», refere o editor de economia da BBC, Robert Peston.

Segundo escreve no seu blogue, ordenaram-lhe que se retirasse «por pelo menos seis a oito semanas».

«A grande questão é se Horta-Osório vai alguma vez voltar», acrescenta Peston, que questiona a capacidade de o português «fazer o trabalho no Lloyds de uma forma que reduza o stress e as pressões sobre ele próprio».

O director financeiro, Tim Tookey, foi nomeado para ocupar a posição temporariamente mas o banco reiterou que espera que o presidente-executivo volte ao trabalho até ao final do ano.

A notícia é conhecida menos de uma semana antes da apresentação de resultados do banco britânico, detido em 41 por cento pelo Estado.

Em Agosto, anunciou prejuízos trimestrais de 3,25 mil milhões de libras (3,73 mil milhões de euros) devido às provisões de 3,2 mil milhões de libras (3,68 mil milhões de euros) para indemnizar clientes a quem foram indevidamente vendidos seguros.

O banco foi fortemente afectado pela crise, nomeadamente na Irlanda, devido à aquisição do Halifax Bank of Scotland, mas não se estima que possua uma exposição muito elevada a outros países em dificuldades como Portugal, Espanha ou Itália.

Desde a entrada em funções a 01 de Março, Horta-Osório determinou uma estratégia de redução de custos com o corte de mais 15 mil postos de trabalho até 2014 e a venda de 600 agências nos próximos meses.

A meio da manhã, as acções do Lloyds desvalorizavam cerca de 1,6 por cento.

Lusa/SOL