Irão: A democracia segundo os aiatolas

Com a rejeição de 678 candidaturas e a aprovação de oito por parte do Conselho de Guardiões, começou na quarta-feira a campanha para as eleições presidenciais de dia 14. O ex-Presidente Rafsanjani e o delfim de Ahmadinejad, que está de saída, foram impedidos de concorrer.

o regime dos aiatolas não quer repetir as surpresas que o voto proporciona (casos das eleições do reformista khatami em 1997 e 2001, do próprio ahmadinejad em 2005, e de mossavi e o seu movimento verde em 2009). seis dos oito candidatos têm a bênção do aiatola khamenei.

apontado como favorito, said jalili é o negociador chefe do dossiê nuclear. apoiado pela ala ultraconservadora, foi citado pelo new york times como «o principal arquitecto da repressão» em 2009.

dos outros cinco, destaque para o actual presidente da câmara de teerão, mohamad bagher ghalibaf, e para um candidato de 2009, mohsen rezai. quanto aos dois candidatos que o financial times afirma serem uma «clara jogada para manter alguma credibilidade», hassan rohani é um antigo negociador do dossiê nuclear e próximo de rafsanjani, e mohamad-reza aref é ex-vice-presidente de khatami. no entanto, a pouca popularidade de ambos deve dar garantias ao regime de que não disputarão a presidência.

a surpresa acabou por ser a humilhação a que akbar rafsanjani foi sujeito. o ex-presidente, de 78 anos, é da ala conservadora, foi íntimo do aiatola khomeini, mas o facto de não ter condenado o movimento verde levou a que fosse considerado o candidato dos jovens e da classe média urbana.

já a reprovação da candidatura de esfandiar rahim-mashaei não terá surpreendido sequer o próprio. é o chefe de gabinete de ahmadinejad e foi vice durante uma semana – khamenei depô-lo. os aiatolas não perdoam o facto de mashaei ser mais nacionalista do que islamista.

cesar.avo@sol.pt