Mercosul repudia opção militar sugerida por Trump para a Venezuela

Bloco económico sul-americano suspendeu no início do mês a participação da Venezuela por “rutura da ordem democrática”. Mas reage às declarações de Trump afirmando que “o repúdio à violência e a qualquer opção que envolva o uso da força é inalienável”.

A Mercosul opôs-se neste sábado à sugestão de Donald Trump de uma eventual “opção militar” dos Estados Unidos na Venezuela para fazer face à crise política que está a assolar o país.

Em comunicado, o bloco composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai asseverou que “os únicos meios aceitáveis para a promoção da democracia são o diálogo e a diplomacia”, acrescentando que  “o repúdio à violência e a qualquer opção que envolva o uso da força é inalienável e constitui a base fundamental do convívio democrático, tanto no plano interno como no plano das relações internacionais”.

Na véspera, o presidente norte-americano havia admitido a possibilidade de uma “opção militar” na Venezuela, em reação à grave crise política que o país atravessa. “Temos várias opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar, se necessário”, disse. “A Venezuela não é longe e há lá pessoas que sofrem e pessoas que morrem.”

A tomada de posição da Mercosul em reação ao comentário de Trump surge depois de no início do mês ter suspendido a Venezuela do bloco económico sul-americano por “rutura da ordem democrática”. Decisão a que a atuação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nos últimos dias não veio ajudar, acrescentou ainda a Mercosul no comunicado deste sábado. “As medidas anunciadas pelo governo e pela Assembleia Nacional Constituinte nos últimos dias reduzem ainda mais o espaço para o debate político e para a negociação”, concluiu o bloco sul-americano numa altura em que a Venezuela vive a pior crise política dos últimos anos, com manifestações que, só em quatro meses, resultaram em 125 mortos e milhares de feridos.