estes são alguns dos resultados do inquérito feito junto de 2.125 pessoas em cerca de 30 bairros municipais e históricos da capital portuguesa durante os meses de julho e agosto, a que a lusa teve acesso – um projecto da santa casa da misericórdia de lisboa (scml) com o apoio da sociedade portuguesa para o estudo da obesidade (speo).
o objectivo era não só analisar os dados recolhidos para fazer um rastreio dos níveis de obesidade, como também conhecer melhor os hábitos alimentares e o estilo de vida da população.
uma das conclusões é que, apesar de a maioria dos inquiridos (83%) indicar que faz vigilância da saúde, «os resultados gerais (avaliação do índice de massa corporal, o icm, e de outros factores, como colesterol e glicemia) apontam cenários pouco positivos, que colocam a maioria dos lisboetas em situação de pré-obesidade (37%) e obesidade (32%)».
segundo o documento, ao inquirir-se a população de lisboa sobre os seus hábitos alimentares e estilo de vida, «foram colocadas várias questões que permitem estabelecer relações entre o grau de escolaridade e o número de refeições realizadas por dia». por exemplo, constatou-se que elevados níveis de escolaridade influenciam positivamente os hábitos alimentares.
outras relações, como entre o imc e o número de peças de fruta consumidas por dia, o consumo de produtos lácteos, a leitura de rótulos ou o consumo de água, permitem perceber os hábitos alimentares dos alfacinhas e a forma como estes se reflectem na condição física da população.
verificou-se igualmente, nos termos do relatório, que «a maioria da população atendida é sedentária, tendência esta que se estende à população com excesso de peso».
«a população com excesso de peso investe menos tempo do seu dia na actividade física comparativamente à população com o peso recomendado»: 57% da população com excesso de peso é sedentária versus 49% da população com peso normal, indica o estudo.
foi também possível concluir que «a grande maioria das pessoas quase nunca planeia as suas refeições e actividade física diárias» e, de entre as que planeiam, 25% têm excesso de peso e 20% têm o peso recomendado.
a maioria dos inquiridos admitiu nunca ler os rótulos dos alimentos, verificando-se que a preocupação com este tipo de informação é menor entre aqueles que apresentam excesso de peso.
quanto ao consumo diário de água, a maioria da população da capital demonstrou ter cuidado, ingerindo entre um e dois litros (69%). não se registaram diferenças significativas entre os hábitos de consumo de líquidos entre as pessoas com peso normal e com excesso de peso, refere o estudo.
a obesidade é classificada em três graus – obesidade de grau i (imc entre 30 e 34,5 quilos por metro quadrado), de grau ii (imc entre 35 e 39,9 kg/m2) e de grau iii ou obesidade mórbida (imc igual ou superior a 40 kg/m2) – e, em todos eles, há mais pessoas do sexo feminino.
no relatório, sublinha-se que «muitas foram as crianças e encarregados de educação que procuraram o projecto» e que, «das 84 atendidas, metade (42) apresentavam o imc recomendado para a idade e 37 tinham um peso acima do recomendado».
o estudo refere ainda que «em 128 utentes rastreados foram detectadas alterações, pelo que houve necessidade de proceder ao seu encaminhamento».
destes utentes, conclui o documento, «114 foram encaminhados para unidades de saúde nas quais se encontram inscritos (unidades de saúde da santa casa e da administração regional de saúde), cinco foram para unidades hospitalares, outros cinco foram encaminhados para o serviço social e quatro para outros serviços de saúde».
lusa/sol