Peugeot Citroen de Mangualde acaba com 350 postos de trabalho

A PSA – Peugeot Citroen de Mangualde vai, a partir de Abril, deixar de ter o terceiro turno de produção, não renovando os contratos aos 350 trabalhadores que o integram, anunciou hoje o director financeiro da empresa.

em declarações à agência lusa, elísio oliveira explicou que, a partir de 2 de abril, «a empresa retoma a produção em dois turnos», acabando com a equipa da noite, que tinha entrado em novembro de 2010.

«anunciámo-la por um período transitório de seis meses para fazer face às encomendas que naquele contexto de mercado nos eram favoráveis. tudo fizemos para prolongar a equipa até ao limite das nossas possibilidades, tendo em conta o mercado e a flexibilidade que tínhamos por via da bolsa de horas», explicou.

no entanto, «face à quebra das economias, nomeadamente europeias, quer no final de 2011, quer às perspectivas de crescimento quase nulo em toda a europa», o centro de produção de mangualde tem de «rever os programas de produção» e fazer novo ajustamento.

«a partir do segundo semestre do ano passado começou a haver um arrefecimento da economia, com reflexo nos mercados, e pressentia-se que os mercados estavam a cair e que, eventualmente, poderíamos ter de fazer ajustamentos», acrescentou.

o responsável disse que teria sido mais cómodo fazer esse ajustamento no final do ano de 2011, mas a empresa decidiu entrar ainda com a terceira equipa em 2012, até ter uma «visão mais robusta» do conjunto do ano.

«face aos dados que temos, não podíamos deixar de ajustar a actividade da empresa, porque o fundamental é manter a sua competitividade e vitalidade para que a prazo, quando a conjuntura melhorar, possamos ter de novo a oportunidade de retomar os níveis de emprego que temos actualmente», frisou.

elísio oliveira garantiu que, neste momento, é impossível prolongar o terceiro turno, porque se corria o risco de «pôr em causa a empresa toda» e, consequentemente, os restantes trabalhadores.

«o emprego só é sustentado com produção. não havendo produção, uma vez que a economia é volátil e regular, há uma franja de emprego que não pode deixar de acompanhar essa irregularidade do mercado», afirmou.

a previsão global da produção para este ano deverá situar-se entre os 40 e os 45 mil veículos. a empresa ficará com cerca de 900 trabalhadores.

o director financeiro explicou à lusa que, para «produção transitória», a empresa não pode ter «emprego definitivo, porque isso é matar a empresa».

desta forma, a empresa não poderá renovar os contratos dos 350 trabalhadores, mas garante que honrará todos os compromissos legais e os apoiará junto do instituto de emprego e formação profissional.

elísio oliveira tem esperança de que a empresa ainda consiga recuperar o terceiro turno, «assim os mercados cresçam e o justifiquem», até porque «está no seu adn» criar emprego e ganhar dimensão.

«nos últimos 20 anos tivemos um emprego médio de mil pessoas, nos últimos dez anos um emprego médio de 1200 e sempre que temos oportunidade de crescer tudo fazemos para agarrar. temos tido a confiança e a melhor colaboração do grupo nesse sentido», contou.

os primeiros trabalhadores a serem informados do fim do terceiro turno foram aqueles que o integram, na quinta-feira à noite. durante o dia de hoje a administração vai dar conhecimento aos restantes.

lusa/sol