Recandidatura de Cavaco representa ‘dose extra de segurança’ para Portugal

Uma recandidatura de Cavaco Silva é vista por ex-ministros do PSD como «uma boa notícia» pela «dose extra de segurança» para Portugal que o actual Presidente da República «representa». Já a forma como a mesma foi «pré-anunciada» merece alguns reparos.

no domingo passado, o comentador político e ex-líder do psd, marcelo rebelo de sousa, anunciou que o actual chefe de estado iria anunciar a sua recandidatura a belém, informação que a presidência da república não confirmou oficialmente nos dias seguintes, remetendo cavaco silva esclarecimentos sobre uma eventual recandidatura para uma declaração que fará terça-feira, às 20h, no centro cultural de belém.

para silva peneda, ex-ministro do emprego e segurança social dos xi e xii governos, ambos liderados pelo actual presidente da república, cavaco silva foi «muito fiel aos compromissos assumidos» na candidatura de há cinco anos, o que contribuiu para a «confiança na instituição» da presidência.

a «discrição» de cavaco enquanto presidente é vista por silva peneda como uma mais-valia, embora o ex-ministro reconheça que «há quem possa confundir discrição com passividade».

no entanto, sublinha, os portugueses têm em cavaco silva um «factor de estabilidade política», e «não é por acaso» que não surgiram outras candidaturas da direita partidária. «não vejo espaço para mais candidaturas e foi inteligente a retirada de eventuais novos candidatos», sublinha, referindo-se a nomes como bagão félix ou ribeiro e castro.

joaquim ferreira do amaral, ex-ministro das obras públicas de cavaco silva e actual presidente da lusoponte, vai mais longe: uma nova candidatura de cavaco silva é «uma boa notícia» para portugal, ainda para mais num momento «delicado» de «ameaças de crise de vária ordem» no país.

membro do partido social democrata (psd) desde 1981, e que executou diversas funções governamentais entre 1985 e 1995, ferreira do amaral defende que o actual chefe de estado é uma «personalidade institucional sabedora» que representa «uma segurança extra» para portugal.

o psd actual vincou o apoio a uma recandidatura de cavaco silva no congresso realizado em março em carcavelos. o presidente do psd, pedro passos coelho, elogiou então o mandato do presidente da república e disse que se dependesse da vontade dos sociais democratas ele deveria recandidatar-se.

«disse e reafirmo-o aqui que o psd tem um candidato natural a essas eleições que é aníbal cavaco silva», declarou passos coelho.

fernando negrão, vice-presidente do grupo parlamentar do psd e ex-ministro do governo de santana lopes, assinalou a «serenidade e eficácia» do mandato do chefe de estado, com «muito trabalho feito mas que não é assumido publicamente» devido a uma «grande discrição».

«cavaco silva não se caracteriza pela exuberância», sublinha.

já no que refere ao «pré-anúncio» da recandidatura, através de marcelo rebelo de sousa, fernando negrão diz que o mesmo «foi no mínimo insólito», mas não mais que isso.

«se a discussão política for nesse sentido é um muito mau prenúncio», diz.

ferreira do amaral corrobora a ideia e destaca a «cacha jornalística» de domingo passado. mais que isso, é procurar argumentos políticos numa situação «sem significado».

silva peneda é o mais crítico dos três sociais-democratas contactados pela lusa: reconhecendo que é um episódio que já passou e «não se deve valorizar muito mais», assume que foi «no mínimo» insólito.

«achei mal e despropositado, mas não se deve valorizar muito mais», remata.

 

sol/lusa