Senegal. Acesso à internet restringido e marcha proibida

A decisão do Presidente de adiar as eleições para o final do ano deu origem a protestos em todo o país

Na terça-feira, as autoridades senegalesas suspenderam o acesso à Internet móvel e proibiram uma marcha contra o adiamento das eleições presidenciais, que deveriam ter sido realizadas este mês.

A decisão do Presidente Macky Sall, a 3 de fevereiro, três semanas antes da data prevista, de adiar as eleições para o final do ano, prolongando assim o seu mandato, deu origem a protestos em todo o país. Morreram pelo menos três pessoas.

O coletivo Aar Sunu Election (‘Protejamos as nossas eleições’), que inclui cerca de 40 grupos civis, religiosos e profissionais, tinha convocado uma manifestação pacífica na capital, Dakar, na terça-feira. As autoridades proibiram a marcha alegando problemas logísticos. Os organizadores da manifestação adiaram-na para sábado. «Vamos adiar a marcha porque queremos manter-nos dentro da lei», disse Malick Diop, coordenador do coletivo.

A ONU e as organizações de defesa dos direitos humanos manifestaram a sua preocupação com a situação no Senegal, que vive uma das mais graves crises políticas das últimas décadas. Os EUA e a França instaram o Senegal a realizar as eleições o mais rapidamente possível. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, “falou com o Presidente do Senegal para reiterar a nossa preocupação com a situação no país e para deixar bem claro que queremos que as eleições prossigam como estavam previstas – queremos que se realizem o mais rapidamente possível”, disse o porta-voz do departamento de Estado, Matthew Miller.

Corte de ligação

Horas depois de o Parlamento ter começado a debater a lei que sustenta o adiamento das eleições, as autoridades ordenaram o primeiro corte da ligação à internet móvel.

O adiamento foi justificado com a abertura de uma investigação sobre o processo de validação dos candidatos presidenciais de entre os quais foram excluídas figuras proeminentes como o líder da oposição, Ousmane Sonko, e Karim Wade, filho do ex-Presidente Abdoulaye Wade.

Os deputados apoiantes de Sall e os que apoiam Karim Wade ratificaram o adiamento das eleições para 15 de dezembro e a manutenção do Presidente no seu cargo até à tomada de posse do seu sucessor.