Socorro!

O que se está a passar na área da saúde e na assistência médica aos nossos cidadãos é dramático, é mais do que desumano. Atrevo-me a afirmar que é criminoso!

O que se passa atualmente no âmbito da saúde e na assistência médica aos nossos cidadãos é dramático, mas já quase aceite como uma fatalidade.

Todos os dias a comunicação social nos traz notícias chocantes sobre o estado a que o SNS chegou: serviços hospitalares encerrados por todo o lado, sobretudo de urgência, relatos de pessoas que esperam atendimento neles dezenas de horas, mesmo se acometidas por doenças graves.

Mortes nos corredores superlotados nas unidades de saúde e em macas de bombeiros sucedem-se, enquanto os doentes esperam para serem atendidos; muitas grávidas em trabalho de parto chegam a percorrer centenas de quilómetros até encontrarem uma maternidade que as receba (já têm morrido pelo caminho…); também há pais aflitos à procura de uma urgência pediátrica a funcionar.

Certos governantes e ‘opinadores’ encartados atrevem-se a culpar os doentes por fazerem uma utilização inapropriada dos serviços de urgência. Ignorantes e irresponsáveis, advogam que deviam dirigir-se primeiro aos Centros de Saúde para serem triados. Mas como, se muitos não têm médico de família! Serão eles a decidir da gravidade ou não da doença?

Não falo da falta de médicos de Medicina Geral e Familiar, nem dos inúmeros doentes com patologias crónicas que, em certas regiões, chegam a esperar 1500 dias por uma consulta de especialidade, como acontece com a Oftalmologia, a Cardiologia, a Dermatologia e outras. Se precisarem de uma cirurgia, por mais simples que seja, como a cataratas, hérnias ou próteses da anca, o mais certo é que não consigam obtê-la no resto da sua vida!

O que se está a passar é mais do que desumano. Atrevo-me a afirmar que é criminoso! Devia exigir-se responsabilidades a governantes e gestores por esta degradação acelerada de um serviço público tão importante e necessário, que num passado recente foi exemplar.

Alguns colegas, que ainda resistem em dirigir serviços hospitalares, já me têm emitido desabafos extremos sobre a anarquia e irresponsabilidade que reina nalguns serviços de saúde e que propicia a morte de pessoas; afirmam mesmo que há quem esteja preso por muito menos!

Aproximam-se as eleições legislativas. É uma boa altura para os cidadãos fazerem uma reflexão profunda sobre o que se está a passar no nosso SNS, transformado em medicina de guerra. E, na minha opinião, não deveria votar-se em quem não assuma um compromisso claro com o investimento na gestão e organização deste serviço público de capital importância para manter a coesão social.