Trabalhadoras da Conforlimpa no ISEP em greve por quatro meses de salários em atraso

Três dezenas de trabalhadoras de limpeza da Conforlimpa ao serviço no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) concentraram-se hoje frente aquele estabelecimento no âmbito de um dia de greve em protesto pelos quatro meses de salários em atraso.

“há aqui situações muito complicadas de pessoas já sem dinheiro praticamente para comer, o que levou a que marcássemos para hoje este protesto frente à porta do isep, a exemplo do que vimos fazendo nos últimos meses com a empresa conforlimpa noutros locais de trabalho”, afirmou a dirigente do sindicato dos trabalhadores de serviços de portaria, vigilância, limpeza, domésticas e atividades diversas (stad) vivalda silva.

em declarações à agência lusa, a dirigente sindical afirmou que as cerca de 30 trabalhadoras da conforlimpa que trabalham no isep têm em atraso os salários de janeiro, fevereiro, março e abril e, nalguns casos, também o subsídio de natal de 2012.

actualmente em processo de insolvência, e com assembleia de credores agendada para terça-feira para votar a continuidade da actividade da empresa, a conforlimpa apresentou a 10 de abril um plano de viabilização no tribunal do comércio de lisboa.

segundo adiantou à lusa o administrador de insolvência, josé ribeiro gonçalves, no plano de recuperação não está previsto um despedimento colectivo, mas será necessário adequar a empresa à sua nova dimensão, tendo em conta que a conforlimpa tem vindo a perder muitos clientes, devido ao arresto da facturação na sequência de um processo judicial em que o seu presidente é acusado de fraude fiscal superior a 42 milhões de euros.

embora salientando que a entidade empregadora das trabalhadoras de limpeza do isep é a conforlimpa, não tendo o instituto “nenhuma responsabilidade legal para com elas”, o stad reuniu-se esta manhã com a administração do estabelecimento de ensino na tentativa de saber “o que pretendem fazer, dada esta situação”.

“nestas acções tentamos sempre falar com alguém do cliente que nos diga o que pretende fazer perante a conforlimpa, dada esta situação, porque achamos que, socialmente, há alguma responsabilidade por parte deles”, sustentou vivalda silva.

segundo adiantou, a administração do isep afirmou estar “a fazer todos os possíveis para ver como e quando poderá fazer a rescisão de contrato com a conforlimpa, para então poder contratar outra empresa que assegure o serviço de limpeza e assuma estas trabalhadoras, conforme previsto no contrato colectivo de trabalho do sector da limpeza”.

“neste momento para nós era muito bom que saísse a conforlimpa e entrasse outra empresa, porque pelo menos os salários futuros ficam garantidos”, admitiu a dirigente sindical, salientando que tal já tem vindo a acontecer “em muitos locais” cuja limpeza estava anteriormente concessionada àquele grupo.

lusa/sol