Vestuário interactivo ajuda crianças com dificuldades motoras

As crianças com dificuldades motoras podem ter facilitada a tarefa de se vestir e despir, com a utilização de vestuário que conjuga diversos materiais têxteis e acessórios, para criar estímulos sensoriais, através de jogos simples.

A ideia do vestuário interactivo, chamado sensorialFIT, adaptado às diferentes necessidades de crianças com deficiência motora, foi desenvolvida pela “designer” de moda Ângela Pires, hoje distinguida com o Prémio SIM’12.

Ângela Pires pretende “contribuir, através do vestuário, para a melhoria da qualidade de vida de muitas crianças que têm vários tipos de limitação, em termos psicomotores”, relacionados com doenças como paralisia cerebral ou síndrome de Down, como relatou à agência Lusa.

A par das dificuldades de movimento, estas crianças têm a necessidade de ter estimulação sensorial e um acompanhamento terapêutico, situações que a “designer” teve em conta.

“Tentei agrupar no vestuário a questão da funcionalidade, ao criar peças confortáveis, fáceis de vestir e despir, e transportar elementos terapêuticos utilizados nos hospitais e nas sessões de terapia”, disse Ângela Pires.

Depois de recolher opiniões junto de pais e de especialistas, Ângela Pires chegou à conclusão de que as dificuldades podem ser muito diversas.

Por isso, definiu várias soluções para facilitar o vestir e despir pelas crianças, como aberturas mais largas, laterais, à frente ou atrás, ou utilização de velcro e ímanes, mais difíceis de usar, para substituir fechos e botões.

Ângela Pires optou por acessórios inspirados nesses estímulos, que transportou para o vestuário, e que “trabalham a motricidade fina e são dedicados à estimulação sensorial ou ao desenvolvimento cognitivo”.

Para as crianças, este vestuário “será mais interactivo e lúdico do que propriamente terapêutico, porque não têm noção que estão a desenvolver competências importantes, vão ter mais a sensação de que estão a brincar”, realçou a “designer”.

Entre os modelos propostos estão camisolas e casacos, sobretudo em malha, ou vestidos que integram acessórios com, por exemplo, um bolso cujo interior tem texturas diferentes, objectos escondidos para brincarem ou jogos com associação de formas e cores.

Ângela Pires aproveita as propriedades mais interactivas de alguns materiais têxteis, como mudarem de cor em função da temperatura ou terem aromas diferentes, e elementos como uma luz accionada por movimento.

A “designer” de moda estuda formas de colocar o produto no mercado, processo que fica agora facilitado com o prémio de 25 mil euros, hoje entregue.

A 2.ª edição do Prémio SIM, uma iniciativa da Samsung, pretende distinguir projetos da Indústria Criativa, com carácter inovador e relevante para a comunidade.

A segunda edição contou com a participação de 120 projectos, e entregou ainda menções honrosas a uma aplicação para o Facebook, que permite elaborar listas de música, e a uma plataforma “online” dedicada à cultura.

Lusa/SOL