Visita a Áquila!

Pode até o Papa mudar, mas a Igreja de Cristo permanecerá a mesma. E estou certo que, não obstante os nossos e os meus numerosos pecados, se nos voltarmos para Deus, o ministério do Papa será aliviado pela nosso amor e pela nossa comunhão. 

A próxima semana vai dar muito que falar… Será que o Papa vai renunciar? 

E porque é que eu digo que se vai falar por todo o lado sobre isto? Porque o Papa irá visitar Áquila onde se encontra o penúltimo Papa que renunciou ao ministério petrino. O último foi o Papa Bento XVI, em 2013, que também ele antes foi visitar o túmulo do Papa Celestino V que renunciou ao seu ministério a 13 de dezembro 1294.

Este mesmo Papa tinha dado o perdão dos pecados a todos os que visitassem entre os dias 28 e 29 de agosto a catedral de Áquila. Essa mesma catedral foi parcialmente destruída pelo terramoto que ocorreu naquela cidade em 2009. Foi nesse mesmo contexto do terramoto que o Papa Bento XVI visitou a cidade para confortar as vítimas e ao visitar o túmulo de Celestino V deixou o seu Pálio (objeto litúrgico próprio dos arcebispos). Este ato foi interpretado por muitos como um ato de renuncia ao pontificado e, na realidade, veio a renunciar a 28 de fevereiro de 2013, depois de oito anos de pontificado.

Agora é o Papa Francisco que se desloca àquela cidade de Áquila para inaugurar a Porta Santa e animar a porção do povo de Deus que ali continuou a viver depois do terramoto. Neste contexto será inevitável que a opinião pública (os jornalistas) tenha matéria para mais uns dias de conversa: será que o Papa Francisco também irá renunciar?

Bem, na sua viagem ao Canadá, no avião, no regresso a Roma, Francisco garantiu que não estava a pensar renunciar e numa entrevista também o garantiu que não estava no seu horizonte. Porém, não garantiu que o não fizesse, porque as suas forças e a sua capacidade de mobilidade começam a limitar a sua ação física e consequentemente a sua ação pastoral.

E se renunciar? Não acontece nada… provavelmente será a segunda vez na história que teremos três Papas vivos. Mas seguramente não acontecerá nada de mais. A Igreja seguirá o seu curso, como o mundo seguirá o seu curso, porque o fundamento da Igreja está em Cristo que suscita na Igreja sucessores de Pedro que apascentem as suas (de Cristo) ovelhas. 

Alguns estarão desejosos que ele renuncie, outros terão um medo enorme que ele renuncie. Alguns acham que ele é muito progressista e que seria uma sorte se se fosse embora, outros que ele é o Papa certo para mudar a Igreja toda.

Para mim ele é apenas O Papa! 

Penso que os alemães esfregaram as mãos ao pensar que a Igreja tinha agora um Papa que queria que nada ficasse como estava (como aliás ele escreveu na Evangelii Gaudium). Eles queriam a pretexto da tal sinodalidade mudar todas as coisas (doutrinas, morais, etc.). Mas é um grande azar, porque afinal este Papa é católico e mandou parar aquele processo e advertiu para o perigo de cisma.

Irão parar os bispos alemães por causa da carta enviada ao Sínodo das dioceses alemãs? Na minha opinião: não! Eles como muitos outros na Igreja irão trabalhar para que nada fique como estava, nada fique na mesma…

O que eu sinto é que neste momento serve aquela máxima: «É preciso que tudo mude, para que tudo fique na mesma»!

A verdade é que mudou legislação e algumas coisas bem pontuais, mas na generalidade aquele desejo de mudança na Igreja não aconteceu e não irá acontecer com este Papa. Porque a grande mudança que toda a Igreja precisa de fazer não é tanto nas suas estruturas injustas (como diriam os marxistas), mas uma mudança de todos os cristãos para Deus. 

Por isso, pode até o Papa mudar, mas a Igreja de Cristo permanecerá a mesma. E estou certo que, não obstante os nossos e os meus numerosos pecados, se nos voltarmos para Deus, o ministério do Papa será aliviado pela nosso amor e pela nossa comunhão.