Os faróis são símbolos da solidão mais absoluta, mas também de solidariedade e entreajuda, uma luz amiga a brilhar na escuridão da noite.
De tempos a tempos é preciso tirá-los da prateleira, afagar-lhes as capas, abrir-lhes as páginas para que possam respirar um pouco em liberdade.
A ação combinada da pressão imobiliária e da pandemia expulsou do Chiado um dos santuários da cultura lisboeta.
Mais do que o enredo, penso que era a sua capacidade para criar atmosferas que verdadeiramente apaixonava o leitor.
Como uma referência brevíssima me levou a calcorrear as livrarias à procura de um clássico difícil de encontrar.
Invejosos do sucesso dos espelhos produzidos em Veneza, os franceses investiram na indústria espelheira durante o reinado de Luís XIV.
Arrisco dizer que a atração pelo Antigo Egito se deve ao facto de ser uma civilização simultaneamente distante e próxima de nós.
Este ano acho que exagerei. Usando uma qualquer desculpa esfarrapada, enchi um saco enorme com livros, o que lamentavelmente obrigou a minha mulher a fazer a viagem para o Algarve no maior dos desconfortos, sem ter sequer sítio onde pôr as pernas (uma vez que não havia mais espaço na bagageira do carro, o pesadíssimo…
O que mais me agradou foi o de Marte – pela riqueza das cores e reflexos iridescentes. Gosto de o segurar na mão, de lhe sentir o peso, e de imaginar que é uma espécie de universo fechado. Apesar das conotações bélicas de Marte, transmite-me tranquilidade.
O confinamento leva Jack Torrence à violência e à loucura, mas é quando sai que encontra a morte. Também na vida real uma saída irrefletida pode ter tido consequências fatais.
A propósito do seu livro, escreveu Flaubert: «Pretendi fixar uma miragem, aplicando à Antiguidade os processos do romance moderno, e procurei ser simples».
Tal como as pirâmides, a esfinge ou os túmulos do Vale dos Reis, as múmias continuam a exercer um misterioso fascínio a que poucos conseguimos escapar. Mais do que testemunhos da requintada civilização do Antigo Egito, estas relíquias macabras constituem uma ponte material entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, conseguindo a…
Foi por causa de um erro de cálculo que Miklós Nyiszli deu por si a atravessar os portões do inferno no dia 27 de maio de 1944. «Decido rapidamente e ajo rapidamente, especialmente quando está em causa uma decisão importante», escreveu. «Os resultados nem sempre são brilhantes. O facto de eu ter acabado aqui nos…
Inversamente, até porque as rivalidades literárias são bastante comuns, tento evitar encontros inconvenientes ou desagradáveis entre certos autores ou personagens. Não quero que repousem «ao lado de seres odiados», como dizia Marinetti.
Uma das conclusões a que chegamos com facilidade após algumas leituras é que os chavões simplistas que usamos para definir uma época normalmente estão errados. Ou melhor, contam apenas uma parte da história.
Já escrevi neste espaço sobre sublinhados e sobre como podem dar cabo de um livro. Aquelas linhas horizontais paralelas na página parecem gritar ‘Olha para mim!’, disputando a nossa atenção com as palavras que supostamente deveriam realçar.
Hoje, quando ando às compras no hipermercado e passo na secção dos livros, fico quase horrorizado com as montanhas de bestsellers, manuais de autoajuda e romances sentimentais de qualidade duvidosa que por ali se vêem. Talvez não passe de um preconceito estúpido, mas faz-me confusão pôr um livro no carrinho do supermercado como quem põe…
Há uns anos chegou à redação do SOL um jornalista experiente e conhecedor que, depois de terminar o curso de História com nota brilhante, decidiu que estava cansado de não trabalhar. Por coincidência, ficou instalado numa secretária mesmo em frente à minha.