a falta de dinheiro e o clima pessimista sobre o futuro político do governo estão a provocar um verdadeiro baixar de braços no interior das equipas ministeriais. a isto juntam-se, diz a mesma fonte, as querelas internas que opõem ministros a ministros e ministros a secretários de estado, e que o executivo já não consegue esconder da opinião pública.
o caso mais visível foi, nos últimos dias, o da justiça, de onde ficou a saber-se que o secretário de estado joão correia e o ministro alberto martins estão, há meses, de costas voltadas.
também o ministro das finanças, teixeira dos santos, não tem escondido o que pensa sobre a prestação de alguns dos seus colegas do executivo, como a ministra da saúde, ana jorge.
as exigências impostas por teixeira dos santos, durante a preparação do orçamento de estado para 2011 voltaram, entretanto, a expor, no seio do governo, um conflito que é latente há muito tempo: o de vieira da silva, que sempre se opôs ao ataque ao estado social, com o seu colega das finanças. desta vez, porém, o ministro da economia terá tido o apoio do próprio primeiro-ministro – comentando-se mesmo no governo que, para sócrates, teixeira dos santos esteve mais próximo das preocupações de cavaco do que das do pm, na elaboração do oe.
aliás, meio governo está neste momento «incompatibilizado» com o ministério de teixeira dos santos. e a prova são os sinais que vão sendo dados pelos seus colegas de executivo. ana jorge decidiu contrariar uma orientação que as finanças deram aos maiores hospitais do sns, tendo o mesmo sido feito pelo ministro das obras públicas.
segundo revelou na semana passada o jornal de negócios, antónio mendonça prometeu a algumas das empresas públicas que tutela – sujeitas a cortes impostos directamente pelas finanças – que elas não teriam de cumprir esses cortes na íntegra.
a tensão interna tem contribuído, também, para que se multipliquem os rumores sobre a vontade de vários ministros de abandonar funções. ana jorge e luís amado, ministro dos negócios estrangeiros, aparecem repetidamente referidos nesse sentido.
nas obras públicas, entretanto, o ambiente está igualmente pesado. entre o ministro e o secretário de estado paulo campos as relações já foram bastante melhores.
mendonça reduziu substancialmente o orçamento para 2011 das áreas tuteladas por paulo campos, tendo mesmo retirado da sua tutela, por exemplo, o instituto nacional de infra-estruturas rodoviárias (inir), ao integrá-lo no instituto da mobilidade e transportes terrestres (imtt) – que é tutelado pelo secretário de estado dos transportes, carlos correia da fonseca. paulo campos não foi sequer avisado previamente dessa mudança.
na educação, o sentimento generalizado é de que o ciclo político deste governo já acabou.