SOL&SOMBRA

Quem está ao SOL e quem ficou à SOMBRA. A semana vista por José António Lima.

sol…

cavaco silva

foi reeleito à 1.ª volta, conquistou a sua quarta maioria absoluta, conseguiu contrariar a maioria eleitoral da esquerda (55% de ps, be e pcp nas legislativas de há um ano e meio) e alargar os 40% da votação de psd mais cds para quase 53%. tentar desmerecer os números da sua vitória, como fez alguma esquerda esta semana, não parece sério nem muito inteligente. porque o presidente reforçou a sua legitimidade e aumentou a sua margem de intervenção política. os próximos cinco anos em belém serão, seguramente, bem mais complexos e decisivos do que os quase anódinos cinco anos do primeiro mandato.

fernando nobre

beneficiou da simpatia natural suscitada pelo seu trajecto de vida profissional, dos anticorpos a alegre em grande parte do eleitorado do ps, de ter fugido às campanhas negativas de maledicência e ataques constantes de outros candidatos, de não estar amarrado a apoios partidários. com tudo isso e uma boa dose de populismo, quase repetia a proeza dos 20,7% de alegre em 2006. ficou, ainda assim, com os seus 14,1%, próximo de igualar a votação do seu mentor mário soares há cinco anos (14,3%). mas, tal como alegre, deve perceber que não é dono dos votos que circunstancialmente recebeu e que tendem a desaparecer no dia a seguir à eleição.

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francisco louçã

o bloco andava há cinco anos a apostar nesta estratégia presidencial (depois dos 20,7% alcançados por alegre) como forma de condicionar o ps e de promover, por interposto candidato, a cartilha política bloquista. o resultado – o be percebeu–o agora – foi desastroso: ps mais be não somam, subtraem, como apontou antónio vitorino; e qualquer aproximação política ou eleitoral entre ambos fica adiada por longos anos. até, pelo menos, o be deixar de ser uma voz à margem do sistema.

manuel alegre

pouco mais há a dizer. apenas que a sua votação ainda foi pior do que se esperava. não chegar, sequer, ao mínimo dos mínimos dos 20% foi o corolário de uma campanha politicamente insustentável, com um pé no be e outro no governo, e sem discurso possível. acabou no domingo a sua carreira de décadas na política activa.

josé antónio lima