Carros amigos do ambiente por 30 mil euros

Portugal anda eléctrico. A expressão pode ser levada à letra, graças aos 1350 postos de carregamento de carros eléctricos que vão dominar o país, até final de 2012. A indústria automóvel aposta cada vez mais nos carros a electricidade e Portugal quer aproveitar a boleia.

trata-se de uma tecnologia amiga do ambiente, sem emissão de gases com efeito de estufa e que permite uma menor dependência do petróleo. «o país fica refém de locais politicamente instáveis devido a esta necessidade de combustível», considera miguel pinto da mobi.e, entidade que desenvolveu o conceito da rede de mobilidade eléctrica, da construção dos postos ao método de pagamento.

até julho deste ano, o carregamento é gratuito e efectua-se através da ligação de um cabo ao posto de abastecimento. para tal, é necessário adquirir um cartão mobi.e, que dá acesso aos postos e com o qual se fará o pagamento.

existem dois tipos de carregamento de veículos eléctricos, o normal e o rápido. o primeiro será a opção da maioria dos utilizadores, em casa ou na rede de acesso público, e demora entre seis e oito horas. o rápido foi pensado para automobilistas em deslocações mais longas, cuja distância a percorrer seja superior ao alcance das suas baterias, que em média têm uma autonomia de 150 km. neste caso, 20 ou 30 minutos carregam 80% da bateria.

em 25 municípios já existem postos para o efeito, sendo que os rápidos estão localizados em auto-estradas, por exemplo.

miguel pinto explica que o utilizador pode, através do site www.mobie.pt, monitorizar o abastecimento e configurar alertas por sms, para receber uma mensagem quando o carregamento estiver concluído.

30 mil euros por mais ambiente

a nissan, a renault e a mitsubishi são marcas com modelos eléctricos à venda, que beneficiam de incentivos de compra pelo estado.

as primeiras cinco mil pessoas que adquirirem um carro eléctrico têm uma dedução de cinco mil euros no valor do carro – o preço já com o desconto ronda os 30 mil euros. além disso, gozam ainda de isenção no pagamento do imposto sobre veículos e do imposto de circulação e a sua compra permite deduções no irs ou irc.

estes carros contribuem de forma positiva para a protecção ambiental, até porque aproveitam com maior eficiência as energias renováveis. em especial, se se atestar o carro à noite «quando o consumo de electricidade diminui», destaca miguel pinto. outra vantagem é o facto de, ao travar, «gerar-se energia com a fricção dos travões, que é depois armazenada nas baterias».

esta opção energética não se fica pelos particulares – o primeiro autocarro eléctrico produzido pela caetanobus deverá estar pronto no final de fevereiro. o autocarro vai operar em vila nova de gaia e a autarquia tem já uma ilha de abastecimento rápido onde pode carregar as baterias dos quatro carros eléctricos da sua frota.

em lisboa, a autocoope, uma cooperativa de táxis, também encomendou dez carros z.e. (zero emissões) desenvolvidos pela renault. «o processo de contínua poluição terá de ser travado e a oferta de automóveis com zero emissões é a resposta mais eficiente», justifica ricardo oliveira, da marca de automóveis.

a diminuição da pegada ecológica é também uma das preocupações da mitsubishi. joão viegas, relações públicas, diz que já foram entregues vários i-miev, «o primeiro veículo 100% eléctrico de produção em série». numa época em que os preços do barril de petróleo aumentam, a marca pretende que 20% dos seus veículos, em 2020, sejam eléctricos ou híbridos e que os restantes, com motores de combustão, «tenham uma redução em 20% de emissões de co2».

já a nissan pode gabar-se de ter desenvolvido o primeiro eléctrico a ser eleito carro do ano europeu em 2011. por fora, o leaf é igual aos outros; só uma inscrição lateral informa os mais atentos que não há emissões de gases. por dentro, nem se estranha a ausência do manípulo das mudanças e o silêncio por não haver combustão é surpreendente. mas bem-vindo. os peões têm apenas de ter mais cuidado, porque o ruído já não é sinal da marcha.

joana.andrade@sol.pt