o ‘falso’ médico exercia desde 2006 em várias clínicas e lares de idosos, e tinha uma lista de 300 doentes, sobretudo idosos, a quem
prescrevia medicamentos e exames complementares de diagnóstico, e a quem cobrava as consultas, revelou a pj em comunicado.
segundo soube o sol, foi esta clínica geral, que tinha uma relação próxima com o falso médico, que permitiu a daniel continuar a exercer medicina. a médica terá apresentado daniel em várias das clínicas e lares onde
ele viria a trabalhar, abrindo-lhe as portas e dando credibilidade ao seu nome
como médico.
além disso, era ela que passava as receitas dos medicamentos
que ele prescrevia aos seus doentes. nas consultas, daniel nunca dava a
receita, dizendo sempre aos doentes que lhes entregaria a receita no dia
seguinte. a prescrição era depois assinada pela médica e tinha o autocolante
com o seu código de barras.
o envolvimento de uma enfermeira neste esquema para ocultar
o facto de daniel não ser médico está também a ser investigado, quer pela pj
quer pela igas, devendo em breve ser aberto também um inquérito disciplinar a
esta profissional.
a igas, entretanto, já comunicou a abertura do processo à
médica e ao centro de saúde onde ela exerce. segundo soube o sol, a
investigação da inspecção deverá alargar-se às clínicas médicas e aos laboratórios
de análises com quem o ‘falso’ médico manteve relações profissionais.
a pj manteve, durante algum tempo, o falso médico sob escuta. a sua detenção, aliás, aconteceu quando daniel começou a tentar
convencer colegas e pacientes a mentirem sobre a sua actividade como médico,
apesar de garantir sempre que até chegara a trabalhar no hospital de santa
maria.
segundo o correio da manhã, o ‘falso’ médico foi mesmo apanhado no momento em que tentava dissuadir as testemunhas, pedindo-lhes que
não dissessem às autoridades que continuava a exercer como médico, pois fora
alvo de um processo por negligência e poderia vir a ter problemas.
daniel foi constituído arguido e presente ao juiz de
instrução criminal na semana passada, indiciado pela prática dos crimes de usurpação
de funções, falsificação de documentos e burla.
a médica que o terá ajudado já foi constituída arguida e
arrisca também uma acusação criminal, além de incorrer numa pena de expulsão da
função pública, por ter encoberto e colaborado com o ‘falso’ clínico.