eram 15h30 em ponto quando o presidente reempossado prestou juramento sobre o original da constituição portuguesa datado de 1976.
por se tratar de uma reeleição, os convites a chefes de estado estrangeiros ficaram de fora e a longa sessão de cumprimentos de março de 2006 (cerca de duras horas) foi agora muito encurtada. mas, em contrapartida, as reacções não se fizeram esperar: psd e cds aplaudiram entusiasticamente o discurso presidencial, já o ps não gostou do que ouviu e fez questão de o mostrar. os socialistas não aplaudiram uma única vez as palavras de cavaco, que foram recebidas com sorrisos irónicos na bancada do ps. do be e do pcp também não faltaram críticas – o líder bloquista, francisco louçã nem sequer foi apresentar cumprimentos ao presidente reempossado.
francisco assis foi o mais duro na reacção às palavras de cavaco. «não gostei. não foi um discurso próprio de um presidente de todos os portugueses e nem me parece que a avaliação tenha sido rigorosa», disparou num tom bastante crítico e deixando o aviso: «espero que retome rapidamente a linha de união e cooperação». antes, já sócrates, que foi dos primeiros a cumprimentar cavaco silva e a falar aos jornalistas, criticara o presidente por ter omitido do seu discurso a crise internacional.
à direita, o psd vibrou com os recados de cavaco mas o seu líder, passos coelho, abandonou a assembleia da república sem prestar declarações, ignorando os apelos dos jornalistas. coube a miguel macedo fazer ouvir a voz dos sociais-democratas. «foi um discurso de verdade e também de coragem porque ousou apontar caminhos», afirmou o líder parlamentar, sublinhando que este foi mesmo «o discurso político mais marcante de todas as tomadas de posse de um pr».
mais contente que o psd só mesmo o cds. ainda durante a intervenção de cavaco, paulo portas foi muitas vezes o primeiro a aplaudir, arrastando consigo os deputados do cds e do psd, as chamadas de atenção e críticas do presidente. no final, portas disse que este foi um discurso «forte e verdadeiro» com uma «frase-chave» que, acredita, «vai ficar para sempre»: «há limites para os sacrifícios que podem ser pedidos aos cidadãos».
jerónimo de sousa e francisco louçã criticaram o que dizem ser um «apelo às privatizações». o secretário-geral do pcp acusou cavaco de ter querido deixar «um contributo ao seu partido, defendendo tudo o que o psd tem defendido». o líder do be considerou, por seu lado, que cavaco falou «como se fosse candidato a primeiro-ministro».
à tomada de posse de cavaco silva assistiram todos os seus adversários nas eleições de 23 de janeiro, à excepção de josé manuel coelho. manuel alegre estava sentado na segunda fila, na qualidade de conselheiro de estado e fernando nobre logo na primeira fila das galerias.
a família do presidente da república chegou ainda antes das 15h, quando já marcelo rebelo de sousa, alberto joão jardim e carlos césar se encontravam nos passos perdidos à conversa.
na bancada de honra, onde se sentam os ex-presidentes e ex-governantes, marcaram presença mário soares (sem nunca aplaudir e que não quis falar à saída), ramalho eanes, francisco pinto balsemão e almeida santos. e também a primeira-dama. maria cavaco silva foi a última a cumprimentar o presidente no salão nobre com dois longos beijos.
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