PCP e estudantes em confrontação

Uma noite quente e tensa foi vivida nas escadas monumentais de Coimbra devido à polémica das pinturas ali realizadas pelos comunistas. Uma centena de estudantes ocupou o topo da escadaria e fez uma manifestação ao mesmo tempo que, em baixo, se desenrolava o comício da CDU.

se os estudantes gritavam palavras de ordem como ‘estudantes unidos jamais serão vencidos’ ou ‘limpem as escadas’, a resposta surgiu pela boca do candidato pelo distrito, manuel pires da rocha: «se uma pintura da cdu incomoda muita gente, a luta da cdu incomoda muito mais!».

lá em cima, um cordão de militantes do pcp fazia de tampão, impedindo a possibilidade de os estudantes descerem até junto do palco. mas também impediam que outros comunistas, mais exaltados, respondessem às provocações. «porque é não vamos até lá acima resolver isto?», dizia um comunista, de pronto acalmado.

o professor de violino e cabeça de lista por coimbra disse «que as pedras não falam», mas falou por elas, lembrando que as escadas foram mandadas construir por salazar, que «destruiu a alta» da cidade. «o que é público é de todos, o que é privado é só para alguns».

já jerónimo de sousa, sem se referir directamente ao assunto, começou o discurso pelo assunto do dia: «ao longo da história do pcp conhecemos o silenciamento, a tortura, a proibição. não nos calarão», gritou.

no final do comício, os estudantes desceram até junto do palanque e voltaram às palavras de ordem, tendo levado a esfregona e o respectivo cartaz, ‘sr. jerónimo, a esfregona é para si’. mas o secretário-geral do pcp já tinha abandonado o local. «não têm argumentos, não lhes respondamos», gritava um comunista aos restantes, apelando à debandada.

cesar.avo@sol.pt