chão firme foi o que jerónimo pisou
neste dia: grândola, alcácer do sal e santiago do cacém são território de forte influência comunista. ainda assim, a incursão
em alcácer esteve longe de ser um sucesso, com um jantar pouco participado, ao contrário do almoço em grândola e do encontro com os trabalhadores das oficinas e do comício nocturno, ambos em
santiago do cacém.
se ao almoço jerónimo dedicou o discurso aos jovens, à tarde defendeu os trabalhadores da
administração local, ao jantar debruçou-se sobre a «tragédia à portuguesa» que acontecerá «se o acordo (com a troika) for aplicado em toda a sua dimensão». mas avisou que, apesar de os três
partidos que assinaram o entendimento com fmi, ue e bce não esclarecerem os portugueses do que aí vem, os portugueses não vão resignar-se. «eles sabem que não vão passar como cão por vinha
vindimada».
por fim, à noite voltou a tocar na
tecla do compromisso do governo em aumentar o salário mínimo para 500 euros. «só nós levantámos esse problema. não houve nenhum curioso na comunicação social que fizesse essa pergunta singela ao primeiro-ministro: vão ou não aumentar o salário mínimo?».
a dança do solidó
quem sabe se por influência de estar num auditório com o nome de um guitarrista, jerónimo continuou. se o salário mínimo não for aumentado – sendo certo que vai ser congelado em 2012 e 2013 – é porque «a troika nacional está a
entender-se» e prometeu levar o assunto à assembleia da república. e carregou novamente no facto de ps, psd e cds não falarem sobre os
pormenores do acordo. «andam aí numa fona, ‘eu sou melhor que tu, tu és pior que eu, e eu, eu também quero ir para lá’. como não têm assunto há que fazer uma guerra de comadres, parecendo até que chegam a vias de facto, mas na realidade a história destes três faz lembrar – alguns mais velhos ainda se lembram – aquela canção:
‘juntaram-se os três à esquina a dançar a concertina a dançar o solidó’. três letras em que substituíram o so, o li e o dó por
fmi, ue, e bce».
heloísa apolónia, deputada e
candidata à reeleição pelo distrito de setúbal, voltou a ter uma tirada forte. há dias comparara a central nuclear de fukushima ao voto nos outros três partidos. nesta segunda-feira disse que uma
acção da cdu é tão mais musculada quanto mais deputados eleger: «vamos votar contra os pontos (do acordo) em que nos querem lixar a
vida».
cesar.avo@sol.pt