«os mais novos não se lembrarão do tempo do cavaquismo em que havia a ideia de portugal ser o bom aluno, de estar no pelotão da frente. ninguém se pode esquecer, e há quem queira ser esquecido, que ps, psd e cds são responsáveis pela pac (política agrícola comum), de cavaco silva e arlindo cunha, de guterres e capoulas santos, que arruinaram a agricultura nacional». antes, o secretário-geral do pcp traçou um quadro negro da agricultura: portugal tem dois milhões de hectares de terra boa improdutiva, uma em cada quatro explorações agrícolas fechou nos últimos dez anos, os agricultores portugueses são os mais velhos da europa e «os pequenos agricultores desesperam pela aprovação de projectos».
seguiu-se pedro passos coelho: «afirmou, sem se rir, que foi um erro subsidiar-se para não se produzir. bem sei que costuma pedir desculpa, mas neste caso concreto não quis pedir desculpa. talvez invocasse o estatuto de arrependido, mas nem esse estatuto merece porque foi incapaz de dizer qual é a proposta do psd em relação ao perigo em que incorre o sector leiteiro». porque «a soberania alimentar nacional está em causa», jerónimo propôs uma política que «impeça as grandes superfícies de engordarem à conta dos pequenos e médios agricultores», lutar contra a «desregulamentação das quotas leiteiras e dos direitos da plantação de vinha», entregar «a terra a quem a quer trabalhar» e «incentivar a actividade piscatória e fomentar a construção naval».
ps, psd e cds sem legitimidade
tendo em conta que ps, psd e cds têm «falta de coragem» para assumirem com os portugueses o que farão se forem para o poder, o líder comunista voltou a mencionar a questão da legitimidade. «o resultado das eleições até pode ter legitimidade institucional, mas não tem legitimidade política». poupando josé sócrates, atirou: «vem passos coelho e afirma que cumprirá totalmente o acordo com a troika. vem paulo portas e diz que faz mais, que trabalha noite e dia no parlamento para aprovar as medidas».
no final do discurso, jerónimo dirigiu-se aos indecisos: «é hora de optar por uma vida melhor. parece que os três partidos já têm uma no papo e outra no saco. votem na cdu e vejam como eles não são donos do voto de ninguém», concluiu.
os comunistas não comem criancinhas
o dia de jerónimo de sousa tinha começado em almada, com um passeio pelas ruas, ladeado de francisco lopes, cabeça de lista por setúbal, e por maria emília sousa, a presidente da câmara. após muito beijo e abraço – um deles de um nonagenário choroso –, o secretário-geral do pcp afirmou que os partidos que votaram a favor do corte do abono de família a 630 mil famílias «não têm o direito de proclamar o dia mundial da criança», que se comemora nesta quarta-feira. «estamos do lado das crianças. é com o apoio às famílias e às crianças que se pode comemorar este dia».
jerónimo de sousa seguiu para um almoço com 28 autarcas eleitos pela cdu. disse que esses concelhos são «um exemplo de como a cdu pode governar» e, antes, no comício, afirmara que almada mostra que «é possível ser poder e continuar com as populações».
a comitiva do secretário-geral seguiu para moura, onde se dispensou o passeio pelas ruas. no largo general humberto delgado não houve medo em acusar os outros partidos: «eles só querem o voto das pessoas, não querem saber nada das suas vidas, do seu futuro». a esse propósito teve como alvo o líder do cds: «perguntem ao paulo portas: então está sempre a falar dos velhinhos e assina um acordo em que as reformas ficam congeladas durante três anos?».
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