a lotação de 899 lugares estava esgotada e os funcionários do theatro circo não deixavam entrar mais pessoas. no exterior, dezenas de pessoas ficaram à porta. jerónimo de sousa dirigiu-se-lhes uma primeira vez: «se fosse outra força política e entrava tudo, mas devemos aproveitar a oportunidade e fazer o nosso comício na certeza de que ninguém arreda pé». lá dentro a festa estava rija com uma banda a tocar músicas de zeca afonso ou o hasta siempre comandante che guevara.
vivia-se um clima agitado. a cdu fora notificada horas antes, pelo tribunal constitucional, que tinha todo o direito a utilizar o theatro circo, pretensão que era negada pelo governador civil desde a reabertura, em 2006, daquele espaço histórico de braga.
antes das intervenções da candidata da jcp anabela laranjeira, a ecologista heloísa apolónia, o cabeça de lista por braga agostinho lopes, e jerónimo de sousa, os ânimos foram acirrados pelo candidato a deputado joão frazão, que lamentou a atitude da administração do espaço, e pelo facto de só às 18h terem permitido a entrada dos técnicos da cdu para a montagem do comício.
se jerónimo disse que foi ao porto «carregar as pilhas», dada a recepção calorosa que teve na rua da cedofeita, que diria de uma sala cuja audiência respondia às perguntas retóricas, que a tudo aplaudia com vigor e gritava até ao último decibel as palavras de ordem?
o líder comunista deixou palavras elogiosas ao deputado agostinho lopes, «um dos deputados mais respeitados». e porque não duplicar o número de deputados? «não é nenhum sonho eleger um segundo deputado pelo distrito de braga».
de resto, jerónimo de sousa lançou o alerta geral: «querem aproveitar a maré, querem machadar os direitos dos trabalhadores, querem destruir o que resta do 25 de abril».
no final, jerónimo calou os bombos e a corneta dos apoiantes. foi à sacada do theatro fazer novo comício. sem microfone, mas com muita vontade e esforço nas cordas vocais, o líder da cdu sintetizou as ideias-chave do comício que terminara minutos antes.