Jerónimo despede-se da campanha com Camões e Cervantes

Os comunistas acabaram a campanha eleitoral a prometer luta contra as medidas de austeridade e ao mesmo tempo a dar uma palavra de esperança, sem esquecer a citação de dois clássicos da literatura. A coligação jogou pelo seguro nos últimos dois dias e obteve boas recepções, do Porto a Braga, de Moscavide ao Barreiro.

«a um, dois ou três (os governantes)
terão pela frente a luta dos portugueses», afirmou jerónimo de
sousa em lisboa. a cdu terminou a campanha eleitoral com um comício
concorrido no largo de camões. a música da brigada victor jara e as
intervenções de corregedor da fonseca, heloísa apolónia e
jerónimo de sousa atraíram um número de pessoas que obrigou ao
corte do trânsito no local.

jerónimo de sousa terminou o comício
citando muito apropriadamente camões: «todo o mundo é composto de
mudança. mais tarde ou mais cedo essa mudança virá para os
portugueses», augurou.

antes, corregedor da fonseca, da
intervenção democrática, e heloísa apolónia, de os verdes,
fizeram os discursos com linguagem mais dura. o primeiro acusou
angela merkel de colonialismo, a segunda acusou a troika de quererem
«fazer deste país uma lixeira». concluiu: «querem resolver o
problema pondo lixo em cima de lixo».

cervantes ao jantar

no jantar que antecedeu o comício
final, em casas velhas, almada, jerónimo de sousa relembrou para uns
750 apoiantes o trabalho dos activistas de comunistas e verdes. e
quanto a si, deu como exemplo a deslocação a moura. «os
jornalistas têm direito ao cansaço. um deles, naturalmente cansado,
perguntou-me se valeu a pena fazer 200 quilómetros para falar para
200 pessoas. pois nem que fosse para 20…». e mais à frente:
«perguntavam-nos se estávamos cansados e nós fomos buscar forças
onde parecia não existir para levantarmos a bandeira da esperança e
da confiança». e terminou citando cervantes: «quem perde a coragem
perde tudo».

o dia de jerónimo de sousa começou
com um desfile em moscavide, seguiu para um almoço em palmela, no
qual afirmou que ps, psd e cds limitaram-se a «dar trincadelas» uns
aos outros. à saída, talvez inspirado pela apurada jardineira, foi
autor de declarações originais, ao elogiar a inteligência táctica
da direita e não teve misericórdia para com os socialistas: «o ps
foi assando as castanhas e queimando os dedos e permitindo que a
direita as coma».

cesar.avo@sol.pt