No Pódio – Pedro Proença

Quase tão grave como a cobarde cabeçada a Pedro Proença é a hipocrisia dos clubes que vêm condenar, em comunicados transbordantes de retórica moralista, a agressão ocorrida segunda-feira ao árbitro de futebol num centro comercial de Lisboa.

ao darem guarida às claques, ao proferirem declarações ofensivas e insensatas, ao levantarem suspeitas para esconderem problemas próprios, os clubes legitimam a violência. pedro proença foi agredido por um fanático. por alguém que, no seu juízo mental, entenderá o futebol como a principal razão de existir. mas, nas multidões que são policiadas como delinquentes à entrada de estádios de futebol, quantos fanáticos andarão por lá, inflamados e acolhidos pelos clubes que agora vertem lágrimas de crocodilo? o que se estranha é não haver em portugal registo de mais episódios de agressões a árbitros. quem sabe tivessem o condão de pôr as pessoas a pensar.