Três minutos

Todos os anos, as temporadas televisivas norte-americanas arrancam com um punhado de novas séries sujeitas a uma implacável selecção natural.

a selecção resume-se à capacidade de num par de semanas conseguir convencer o público e acumular espectadores que façam crer na vida mais ou menos longa da nova proposta. o que habitualmente obriga a um equilíbrio delicado – ser suficientemente diferente para reclamar um espaço próprio e não ser assim tão diferente que possa não seduzir imediatamente o público potencial.

claro que há excepções. há um mês, a showtime estreou a série web therapy, versão alargada de uma sitcom invulgar exibida originalmente na internet (www.lstudio.com/web-therapy) durante três temporadas, entre 2008 e 2010. a premissa é tão deliciosa quanto a sua concretização: em episódios a rondar os sete minutos, acompanhamos as sessões terapêuticas de uma psicóloga, fiona wallice, interpretada por lisa kudrow (a phoebe buffay de friends). a piada está na nova técnica desenvolvida por fiona: sem paciência para ouvir, no seu consultório, os pacientes falarem sobre os seus sentimentos e as suas memórias durante 50 minutos, passa a atendê-los em sessões de três minutos realizadas através da internet, em estilo videoconferência (ou chamada de skype).

a forma como fiona conduz as sessões, num misto de guião e improvisação de kudrow e convidados (entre os quais já esteve meryl streep), mostra os seus interesses a sobrepor-se constantemente aos dos pacientes e fez de web therapy um dos maiores fenómenos televisivos fora da televisão convencional. até que a showtime lhe deitou a mão. por enquanto, ainda equivale a promoção. veremos se, de futuro, o sucesso na internet dispensará a exibição tradicional.

o teletexto vai de férias. regressa a 9 de setembro.