Mas as câmaras de vigilância ali existentes não captaram nenhuma daquelas pessoas, Gigele nunca esteve lá hospedada e o rosto de Rosalina é-lhes desconhecido. O silêncio é regra de ouro dos negócios, e a empregada, uma morena jovem, despacha a conversa: «O livro desse ano já está arquivado e o patrão não quer que se fale mais do assunto».
Mas a noite de 7 de Dezembro de 2009 não sairá da memória de muita gente, tão pouco de Rosa Gomes da Silva, agricultora natural de Saquarema, que depois de dar a janta à ninhada de filhos, descansava os olhos na última novela da noite. A sua casa, ladeada por colinas, fica quase rente à estrada principal, que bifurca com outra (à época de terra batida) onde foi encontrado o corpo de Rosalina.
Testemunha ouviu dois tiros
Corria o último capítulo da novela, que termina às 22h00, quando dois tiros desviaram a atenção da mulher, que correu à janela. Em linha recta, Rosa encontrava-se a 160 metros do crime. Cismou em sair, mas o filho travou-a: «Olha que os gabirus ainda te dão um tiro», recorda.
Chovia (choveu toda a noite, aliás) e o vento assustava. É um local ermo, com uma casa aqui e outra acolá, sem iluminação – e Rosa não se aventurou. De repente, escutou o barulho de um carro a acelerar para sair da estrada de terra batida e entrar na estrada principal.
No dia seguinte, uma das filhas que vivem nas redondezas foi entregar-lhe os netos antes para ir trabalhar. Era ainda de madrugada e vinha esbaforida. No meio de uma vala coberta de água, de barriga virada para a terra ensopada, o corpo de uma senhora: «Estava tão bem vestida que até pensei que era religiosa», recorda. As autoridades que investigam o homicídio têm uma convicção: «Ela estava no carro quando apanhou a primeira bala, que se alojou na cabeça. A bala do disparo no peito saiu mas não foi encontrada».