Rosalina Ribeiro ponderou vender direito à herança

Mal Rosalina Ribeiro chegou ao Rio de Janeiro, em Setembro de 2009, foi contactada para negociar o seu directo à herança de Feteira.

foi arlindo guedes, um baiano, quem foi propor-lhe o negócio. arlindo arrendara há 30 anos uma fazenda em maricá, onde se dedicava à exploração de areias para a filtragem de petróleo. trata-se de uma extensa área de 70 quilómetros, onde lúcio feteira sonhou construir uma cidade, mas cujo projecto foi embargado. ora, com a morte do milionário, arlindo andava de quezílias com olímpia feteira (a filha). como descobrira que rosalina também tinha lá o seu quinhão, achou que podia negociar por outro lado.

o brasileiro procurara o advogado de rosalina no rio, mas normando marques não viu com bons olhos a proposta: «ele procurou-me em março. sentia-se prejudicado por olímpia e, ao descobrir que a rosalina tinha 5% da fazenda, pensou que, se passasse a co-proprietário, ficava em melhores condições para discutir com olímpia».

arlindo soubera através de um amigo de rosalina que ela estava no rio de janeiro e arranjou forma de se encontrarem e fazer-lhe a oferta. maria alcina soube pela amiga: «senti que ela estava muito interessada, era uma forma de se ver livre daquilo».

rosalina tinha tentado provar que vivia em união de facto com feteira, mas perdera no brasil. paralelamente, abrira outro processo em portugal, que a poderia habilitar a 50% da herança – mas a decisão, favorável às suas pretensões, só foi conhecida seis dias após a sua morte.

quando punha uma coisa na cabeça, rosalina não a largava. poucos dias após chegar ao brasil, rosalina reuniu com normando marques para tratar da audiência do processo da herança, marcada para esse mês. o facto de o advogado não lhe ter comunicado o interesse de arlindo aborrecera-a. normando explica-se: «disse-lhe que era altamente temerário vender uma percentagem de um direito que estava sendo questionado na justiça. aí, disse-me que já tinha colocado a questão a duarte lima e que ele era da mesma opinião».

mas parecia que a desconfiança se instalara em rosalina. nas costas de normando, manteve conversas com arlindo e pediu mesmo a uma sua filha, advogada, que fizesse diligências.

para o advogado brasileiro este comportamento foi uma surpresa: «ela costumava ser uma mulher frontal, podia ter dito que discordava da minha opinião. mas, no meu ponto de vista, estava aflita financeiramente. dizia-me que só podia pagar os meus honorários no final dos processos porque tinha as contas todas congeladas. daí eu perceber o interesse que manteve em vender o direito de herança ao arlindo».

felicia.cabrita@sol.pt