Mexia acusado de favorecer alemães

Os candidatos brasileiros e chineses à privatização da EDP fizeram chegar ao Governo o seu desconforto em relação à alegada preferência que António Mexia, CEO da eléctrica portuguesa, estará a mostrar pela proposta alemã, apurou o SOL.

o processo de venda dos 21,35% que o estado detém na edp e quer vender por um mínimo de 2,2 mil milhões de euros está na recta final – a decisão do governo será formalizada no conselho de ministros de dia 22 – e o negócio está a ganhar, cada vez, mais contornos políticos e diplomáticos. segundo soube o sol, a operação estará a ser acompanhada ao mais alto nível no brasil, china e alemanha.

o desagrado dos brasileiros da cemig e electrobras, e dos chineses da three gorges quanto à alegada preferência do ceo pela e.on foi manifestado ao executivo quer pelas empresas, quer pelos embaixadores dos respectivos países em portugal.

confrontada pelo sol, fonte oficial da edp declarou que «o presidente da edp não se pronunciou, publicamente, sobre nenhuma proposta da privatização e não o fará», escusando-se a fazer quaisquer outros comentários.

no âmbito da privatização, mexia fez um road-show internacional, tendo visitado países como a alemanha, brasil e frança (de onde não surgiu, afinal, qualquer proposta). fora deste périplo ficou a china que, segundo soube o sol, não terá pedido ao gestor para se deslocar ao país. mas, em portugal, mexia, reuniu com equipas dos vários interessados.

no caso da e.on, além de contactos directos entre as administrações das empresas – dos quais terá surgido a ‘promessa’ dos alemães a mexia da sua continuidade como ceo e de um lugar de administrador não-executivo na eléctrica germânica –, houve um envolvimento directo dos líderes políticos. numa conversa recente com passos coelho, noticiada pelo financial times, a chanceler merkel enfatizou os benefícios para portugal da proposta da e.on.

esta semana, o presidente da china three gorges corporation (ctg), cao guangjing, veio dizer que confia no governo para fazer uma «avaliação isenta e transparente». citado pela lusa em pequim, referiu que a decisão deverá ser «puramente comercial e não influenciada por atitudes políticas».

ricardo.david.lopes@sol.pt

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