Futuro de Mexia nas mãos do Governo

O segundo mandato de António Mexia termina agora no final do ano e a sua recondução enquanto presidente executivo (CEO) da EDP é, neste momento, uma das grandes questões em aberto no futuro da eléctrica portuguesa – que vai ter como novos grandes accionistas (21,35%) a China Three Gorges (CTG). Também o nome do sucessor…

a palavra final sobre a liderança da edp será dada pelos chineses, mas nenhuma decisão será tomada sem a concordância – ou até indicação – do governo português, garantiram ao sol fontes próximas da ctg, confirmando as informações recolhidas junto do executivo, bem como de outros intervenientes directos no processo da 8.ª fase de privatização da edp.

a escolha do ceo da eléctrica é, precisamente, um dos temas que o primeiro-ministro e o chairman da ctg debatem esta manhã, num encontro à porta fechada. fora da agenda oficial – onde está incluído que a cerimónia de assinatura dos acordos com os chineses ocorre às 10h30 de hoje no ministério das finanças –, passos coelho e cao guangjing reúnem-se em são bento para tratar de várias questões, entre as quais também as contrapartidas que a china ofereceu à economia portuguesa para entrar na eléctrica. em causa poderá estar uma eventual tomada de posição accionista no bcp.

mas o nome de mexia não é consensual no governo. amigo pessoal de carlos moedas, secretário de estado-adjunto de passos coelho, o gestor terá conseguido também reforçar o apoio junto da equipa do ministro das finanças, vítor gaspar, durante a privatização, dizem fontes envolvidas no processo.

o mesmo não terá acontecido na horta seca. no ministério da economia é notado o ‘mal-estar’ que existe, por exemplo, entre o ceo da edp e o secretário de estado da energia. henrique gomes terá, mesmo, chegado a falar de demissão. e, segundo colegas governantes, o ministro dos assuntos parlamentares, miguel relvas, também não verá em mexia a primeira opção para os comandos da empresa.

já o primeiro-ministro terá uma posição mais neutral. reconhecendo o trabalho que mexia fez na edp ao torná-la numa empresa de referência internacional, nomeadamente, nas energias renováveis, ao que o sol apurou, passos estará a reflectir se está na hora de renovar a gestão, tendo em conta o ciclo de vida da companhia e os interesses dos novos accionistas, bem como a situação económica do país e as exigências da troika, que quer, por exemplo acabar com rendas fixas no sector da energia.

tania.ferreira@sol.pt