Correios do Brasil interessados nos CTT

A privatização dos CTT, acordada com a troika e prevista no Orçamento do Estado (OE) de 2012, tem um novo potencial candidato. Depois dos colombianos, agora são os brasileiros que assumem o interesse na empresa portuguesa pública de correios.

«os correios do brasil, devido à importância dos ctt e à estreita relação que com eles mantemos há anos, acompanham com atenção o processo de flexibilização e futura privatização dos correios de portugal», admite fonte oficial da empresa brasileira, ao sol. questionada sobre o valor da participação que gostaria de assumir nos ctt e se a empresa avançará sozinha ou em consórcio para o processo de privatização, a mesma fonte esclarece que «não existe até ao momento definição, da nossa parte, em relação à compra ou participação em qualquer grupo interessado em adquirir os ctt».

mas o sol sabe que a vinda da companhia postal deverá ser acompanhada pelo banco do brasil, com o objectivo de ser lançado em portugal um banco postal, à semelhança do que já acontece no brasil. a ideia de se criar um banco postal no mercado português não é, aliás, nova. o processo começou em 2005, quando os ctt decidiram avançar com uma instituição deste tipo e tentaram uma parceria, primeiro com a cgd e depois com o banif, que acabou até por resultar num contencioso deste com a empresa de correios.

privatização sem data

a venda dos ctt começou a ser discutida no programa de privatizações 2010-2013, definido no programa de estabilidade e crescimento (pec), e foi reiterada no oe, bem como no memorando de entendimento com a troika, no âmbito do programa de ajuda externa a portugal. mas os detalhes do concurso, bem como o calendário e o encaixe previsto pelo estado com esta operação, ainda não foram revelados pelo governo.

contudo, os sinais de que o processo está a avançar têm vindo a ser dados. em novembro passado, o secretário de estado-adjunto e da economia, almeida henriques, revelou que «os colombianos estão numa fase de reestruturação dos seus serviços postais e sabem que portugal tem um know how muito elevado a este nível», passando a mensagem de que está em aberto uma eventual entrada na privatização dos ctt.

os correios são das poucas empresas públicas que constam da lista de privatizações acordadas com a troika que se têm mantido dentro dos lucros – ainda que não sejam conhecidos os resultados do ano passado. em 2010, os ctt registaram lucros de 56,3 milhões de euros e deram 36,1 milhões de euros de dividendos ao accionista estado.

tania.ferreira@sol.pt