na resposta, seguro insurgiu-se contra «aqueles que assinaram o memorando e que agora o atacam por o querer cumprir», segundo relato feito ao sol. e citou teixeira dos santos e luís amado, dois ex-ministros de sócrates que admitiram já que o pedido de resgate foi tardio. os socráticos «estão em estado de negação», comentou ao sol fonte próxima de seguro.
a visão dos adversários internos de seguro é a de que é o líder está tão colado ao governo que é vítima da sua própria fraqueza. «as medidas mais gravosas de austeridade não estão no memorando da troika. o ps não tem sido capaz de se demarcar», diz ao sol um membro da comissão nacional. o facto de seguro ter justificado que não concorda «com uma parte do memorando foi mais tarde usado por passos coelho para atacar o ps», lamenta este socialista.
os discursos de vieira da silva e de silva pereira foram vistos com agrado pela ala crítica da direcção. «mostraram intensidade e distanciamento» diz um elemento da comissão nacional.
a intervenção de silva pereira, o número dois de sócrates no governo, foi a mais assertiva. mas o facto de vieira da silva também ter confrontado o líder é valorizado. o ex-ministro de sócrates, que integrava o núcleo duro do governo, juntou-se a seguro no congresso de braga: «em nome da unidade». integrou a lista do líder à comissão nacional. agora, deixa claro que «mantém espaço de manobra para criticar a liderança» – diz um dos presentes na reunião de sábado.
curiosamente, a oposição interna a seguro esteve longe de se fazer representar em peso na comissão nacional, em évora. a sala estava cheia, mas muitos dos 250 elementos eram suplentes.
ricardo rodrigues, que não apoiou seguro mas conserva um papel activo, diz ao sol que o ps «tem feito oposição e que é preciso dar tempo ao tempo». mas o deputado acha também que o momento agora é outro. «temos de encontrar espaço para oposição. e há aqui uma questão de timing. agora o governo já tem o seu próprio orçamento. quando iniciámos a legislatura, o orçamento era o nosso».
ricardo rodrigues defende por isso que em 2012 o ps terá de empenhar-se «numa oposição que se faça sentir cada vez mais».
a defesa da herança do governo de josé sócrates é um dos pontos mais sensíveis na gestão da liderança de seguro. depois da comissão nacional de sábado, seguro empenhou-se numa acção de defesa do programa novas oportunidades – bandeira do plano tecnológico. assim como na rejeição da lei do enriquecimento ilícito, apelando a cavaco silva para suscitar a fiscalização da sua constitucionalidade. motivo para a bancada dirigida por carlos zorrinho protagonizar um «singular momento de unidade», nas palavras de um dos participantes.