Parque Escolar: Inspecção de Finanças critica escolha de materiais de luxo

Mobiliários de luxo, materiais de construção excessivamente caros, deficiente funcionamento dos equipamentos de clilmatização instalados e desperdício energético – são queixas conhecidas de alunos e professores das escolas modernizadas pela Parque Escolar. A censura sai agora reforçada com conclusões idênticas da auditoria da Inspecção-Geral de Finanças (IGF).

só nas chamadas instalações especiais (equipamentos eléctricos, climatização, gás e água), a parque escolar já gastou mais de 325 milhões de euros. este valor representa 27% do custo total (1,1 mil milhões de euros) da 3.ª fase do programa de modernização das escolas do ensino secundário.

parte desse valor explica-se, segundo os auditores, «por terem sido utilizadas algumas soluções com custo ou qualidade excessivos ao nível das instalações especiais».

a aplicação de iluminação decorativa, a utilização exagerada de equipamentos de halogéneo, a duplicação dos sistemas móveis de audiovisuais, o uso massivo de estores eléctricos (que nem sempre funcionam), a iluminação de parede quando já existe no tecto, são alguns dos muitos exemplos de desperdício dados pela igf.

rega em espaços sem jardim

tal como o sol já noticiou, foram instalados sistemas de rega em espaços que não têm jardins ou quadros electrónicos que não podem ser usados por falta de canetas especiais. na secundária de pombal, por outro lado, foi construída uma biblioteca com um pé-direito de dois andares para colocar estantes que, por lei, não podem ter mais de dois metros.

já na escola secundária de tomar, foram instalados 12 candeeiros do arquitecto siza vieira – que custaram 20 mil euros –, pelo simples facto de constarem no projecto de arquitectura. apesar desse artigo de luxo, os responsáveis pela gestão explicaram ao sol, em outubro, que não tinham dinheiro para pagar a conta da electricidade – problema que se multiplica um pouco por todo o país.

os auditores constataram também nas visitas que realizaram às escolas já modernizadas que, tal como os alunos e professores referiram em diversas reportagens publicadas no sol, existe «uma excessiva dependência de sistemas de ventilação mecânicos», por deficiente ventilação natural. isso faz com que existam muitas queixas sobre a temperatura das salas, que são geladas no inverno e um ‘forno’ no verão.

luis.rosa@sol.pt
margarida.davim@sol.pt