em plena crise governativa e no momento em que vítor gaspar está sob pressão total, passos coelho quis deixar claro, para dentro e fora do governo, que não prescindirá de vítor gaspar. nem sequer na anunciada remodelação governamental, a que ontem ele próprio deu gás, dizendo aos jornalistas que «as remodelações não se anunciam, fazem-se quando o primeiro-ministro acha que tem de as fazer».
esta semana, num acto inédito, passos pediu a gaspar que o acompanhasse numa reunião partidária ao mais alto nível. segundo uma fonte da direcção do psd, as mais de 40 pessoas presentes na são caetano – membros da comissão política e líderes das distritais – ouviram do líder «um elogio ao trabalho» do seu ministro das finanças, «quer no plano nacional, quer no internacional» (onde até os centristas reconhecem a importância do número dois formal do governo).
durante a semana, duas pessoas muito próximas de passos coelho reforçaram a mensagem: antónio borges, que sublinhou a «enorme sorte do país» em contar com o ministro, e teresa leal coelho, vice do psd, mostrando-o como essencial para a «credibilidade» externa de portugal.
nas finanças, é sabida a pressão de paulo portas para que gaspar seja remodelado. o jornal i noticiou mesmo que gaspar terá colocado o seu lugar à disposição do primeiro-ministro ainda antes da apresentação formal do orçamento. o que deixou preocupados os mais próximos de gaspar foi o aparecimento da dita notícia, que não foi desmentida, e pelo que isso pode dizer sobre a contestação interna à sua actuação.
também na reunião das bancadas parlamentares do psd e do cds, esta semana, o desconforto dos dois lados com o ministro foi evidente. do lado do psd, duarte pacheco e joaquim da ponte, por exemplo, pediram claramente «mais corte na despesa pública» e um «outro rumo». «já ninguém o consegue ouvir. aquilo é uma parede», descrevia um deputado do cds.
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