leu o relatório do fmi? que reacção teve?
não vou debater o relatório. é um contributo para ajudar o governo a encontrar caminhos para, na revisão do estado, o governo fazer o melhor possível. vamos recolher as propostas aceitáveis e, uma vez apresentada a nossa proposta, discuti-la-emos. faz-se um drama à volta de uma matéria que não tem drama nenhum.
acha que não tem drama? as pessoas ficaram em pânico com despedimentos na função pública e cortes nos salários e pensões.
não se pode misturar tudo de uma forma descontextualizada. só quando o governo apresentar as suas propostas é que estará definida a sua posição. não é o relatório do fmi que vai a votos.
que cuidados deve ter o governo quando decidir?
encontrar as medidas mais correctas e mais sensatas para o resultado que deseja atingir.
o governo tem menos de um mês para apresentar à troika as suas propostas. não é pouco tempo?
esta discussão não é de agora. é uma matéria que está a ser pensada e avaliada desde agosto.
marques mendes teme que este dossiê possa ser uma próxima tsu para o governo.
é natural que seja um debate difícil, pois estamos a tocar em matérias sérias. mas espero que o ps ainda participe no debate porque é importante para o clima de consenso que estas medidas exigem.
há pouco disse que há propostas aceitáveis. o que há no relatório que não é aceitável, quer clarificar?
num diagnóstico tão vasto como aquele, tem, como é óbvio, medidas aceitáveis e outras que não serão. não vou debater o relatório do fmi.
confia que este debate não traga surpresas dentro do governo como trouxe o debate do oe, nomeadamente com o cds?
há uma tendência para valorizar as coisas menores e desvalorizar as maiores. há um oe que foi aprovado por esta maioria, o governo está confiante na execução do oe. esse é o resultado final que devemos valorizar. é natural que nem sempre os dois partidos pensem igual em todas as matérias. psd e cds nunca serão um só partido, é uma coligação. mas, em momentos nucleares, tem havido coesão e convergência de opiniões.
e este é um momento nuclear.
esta realidade não nasceu hoje. a cronologia é importante para a análise. a necessidade de rever as funções do estado foi analisada em agosto e em outubro o senhor ministro das finanças referiu que isto ia ser feito. não compreendo como é que daí resulta uma expectativa de instabilidade.
já fez parte de um governo de coligação com o cds, com santana lopes. comparando, esta coligação tem sido mais fácil ou mais difícil?
este tem sido um governo com uma grande exigência – como nenhum outro em democracia. e, no essencial, tem havido sintonia nos momentos certos.
é público que o cds não partilha da política financeira do governo.
psd e cds nunca serão um só partido, não se pode ir por aí. há dois partidos coligados e é natural que não estejam 100% de acordo em todas as matérias. no que é importante e nuclear para a estabilidade da governação, esta convergência tem existido.
acredita que o governo chegará ao final da legislatura?
por que é que não há-de chegar? não me peça para antecipar cenários hipotéticos. é indiscutível que tem havido convergência nos momentos críticos.
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