‘Cortar, cortar e cortar nos custos é o nosso segredo’

Ajustar rigorosamente as despesas às receitas é o plano de gestão anti-crise da Açoreana, como explicou ao SOL o presidente da seguradora.

Como explica os lucros de 10 milhões de euros em 2012?

Para conseguirmos este resultado agora, começámos há dois ou três anos a antecipar momentos mais difíceis a nível das receitas. E para isso atacámos fortemente os custos. Em três anos, reduzimos as despesas em 26%, ou seja, cerca de 20 milhões de euros. É muito significativo. Cortar, cortar e cortar nos custos de forma eficiente e ajustada às receitas é o nosso segredo para estes lucros.

Os cortes foram feitos a que níveis?

Pessoal, fornecedores, gastos gerais e, como travámos os investimentos, reduzimos as amortizações. No primeiro ano após a compra da Global, como havia redundâncias, fechámos metade das delegações. Tomámos decisões muito depressa, custou imenso em termos culturais, mas aconteceu tudo sem ruído. E temos hoje muito menos pessoas do que tínhamos. Ao longo dos três anos, saíram mais de 200 pessoas de um total de um pouco mais de 800, sendo que entretanto entraram 50 para renovar. Foi tudo explicado, comunicado e negociado.

E vão continuar a sair pessoas?

Não vamos ter nada na ordem de grandeza do que já tivemos. Cerca de 90% do esforço que era preciso fazer ao nível do pessoal já está feito. Tudo o que acontecer agora é o normal na gestão de uma empresa. Agora, se cortar custos já não é fácil, conseguir a combinação disso com o aumento de quota de mercado é muito difícil. E nós conseguimos.

Aí qual é a vossa estratégia?

Somos uma companhia que depende dos agentes e, por isso, decidimos fazer um acompanhamento e uma segmentação a esse nível, que foi fundamental. Temos cerca de 4.200 agentes, mas os que consideramos como verdadeiros parceiros são cerca de 800.

Neste momento quais são os negócios mais interessantes?

A indústria seguradora é muito cíclica. O mercado automóvel melhorou e hoje é rentável. O oposto são os acidentes de trabalho, que estão mal. O que mais se deteriorou foi a saúde de grupo, das empresas. O segmento individual não tanto, pela conjuntura. Portanto é simples, se queremos estar bem neste sector, e ainda mais em tempos de crise, temos de adequar rigorosa e continuamente a linha de custos à das receitas.

Já ponderaram ter uma companhia directa para o mercado low-cost?

Sim, mas decidimos que não queremos ter. Mas queremos tirar partido da tecnologia do directo, nomeadamente da internet. Estamos a desenvolver ferramentas para meter esse tipo de mecanismos ao serviço dos nossos agentes. Este é um dos desafios estratégicos de 2013 e para isso decidimos reacelerar o investimento nesta área.

tania.ferreira@sol.pt