o ministério da economia acordou com os parceiros sociais acelerar o trabalho de simplificação em torno das políticas activas de apoio ao emprego e renovar, assim, o acordo da concertação social. isto, aproveitando ainda os últimos dois meses de mandato de joão proença à frente da ugt.
o governo encara com alguma preocupação o futuro desta central sindical. proença passará o testemunho a carlos silva, no final de abril. e a maioria governamental teme uma ligação directa de silva ao largo do rato (sede do ps) e, com isso, um extremar de posições. proença tem sido repetidamente elogiado por figuras da direita, que louvam o seu esforço para encontrar consensos evitando sempre posições de rupturas. já quanto a carlos silva, o governo não esquece que era a favor de a ugt ter aderido à greve geral de novembro do ano passado, intenção que foi travada por proença.
dando sequência a uma indicação de passos coelho, o ministro da economia anunciou esta quarta-feira, no final da reunião da concertação social, a intenção de «renovar» o acordo tripartido e trabalhar num prazo até de 60 dias para a revisão das políticas activas de emprego – coincidindo com a recta final do mandato de proença.
fonte do governo explicou ao sol que o objectivo é «avaliar e simplificar» os vários apoios que existem, que «se atropelam em muitos casos» e que não estão, por isso, a chegar a todos os destinatários que necessitam. «em alguns casos, há muito poucas pessoas a usufruírem», acrescentou.
a relação com os socialistas é bem mais difícil. no debate quinzenal, esta quinta-feira, foi evidente a distância e o tom agreste entre passos coelho e seguro, até mesmo em torno desta questão do desemprego.
até no cds, em que destacados dirigentes e ministros têm dirigido apelos aos socialistas, já é sigilosamente admitido que esses esforços são infrutíferos.
a estratégia do governo em focar a sua atenção na concertação social vai também ao encontro daquela que é a posição da troika. os responsáveis externos têm sublinhado a importância do consenso social, mais do que um amplo consenso político, por entenderem que a maioria absoluta existente é suficiente para aprovar as medidas necessárias.
até aqui, a ugt resiste a romper relações com o executivo. sinal disso: não se associou à manifestação do passado sábado, onde a cgtp desempenhou um papel fundamental. com sucesso: organizada pelo movimento ‘que se lixe a troika’, a ‘manif’ levou centenas de milhares para a rua, em várias cidades do país, a protestar contra a política de austeridade da troika e do governo. os três partidos à esquerda estiveram representados – embora o ps não oficialmente.
passos coelho tardou a referir-se ao protesto. só na quarta-feira admitiu «não ficar indiferente», mas sublinhando que «no dia em que um governo tiver de decidir em função desses critérios, demite-se da sua responsabilidade e não está à altura das suas funções».
na verdade, a ‘manif’ acabou por servir de trunfo à maioria: na reunião que os deputados tiveram com os membros da troika, o psd usou o peso da manifestação e o que isso significa sobre os sacrifícios pedidos à população para defender uma maior flexibilização do memorando.